Programação
Mesas Redondas (MR)
MR1- 50 Anos de A Construção Social da Realidade: balanço e perspectivas
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 4 – Anfiteatro Glória
A Mesa Redonda tem por objetivo fazer um balanço dos 50 anos de publicação de A Construção Social da Realidade a partir de abordagens diversas. Ao mesmo tempo procura assinalar as perspectivas teóricas e empíricas que foram abertas por esta obra no processo de construção do conhecimento sociológico contemporâneo. A publicação da obra, de Peter Berger e Thomas Luckmann, em 1966, contribuiu para difundir a compreensão de que a sociedade é, em boa medida, o que os indivíduos em seu tempo fazem dela. Escrita em inglês, trata-se de uma obra fortemente influenciada pela sociologia do austríaco Alfred Schütz (1899-1959). A Mesa Redonda será composta por quatro pesquisadores de quatro instituições e unidades federativas distintas, cuja produção vem sendo reconhecida em suas distintas áreas de atuação, todos eles pesquisadores do CNPq.
Coordenação: Hermílio Santos (PUCRS)
Expositores: Carlos Benedito Martins (UnB), Renan Springer de Freitas (UFMG), José Luiz Ratton (UFPE), Hermílio Santos (PUCRS)
MR2 - A "nova direita" mostra a sua cara: origens, sujeitos e características.
Dia 27/10, quinta-feira, das 8h30 às 10h00, sala 4 – Anfiteatro Glória
O objetivo desta mesa é analisar o discurso da "nova direita” no Brasil, cuja emergência remonta aos protestos de junho de 2013 e, mais recentemente, ao acirramento político ocorrido na campanha de 2014. Entendemos que paulatinamente formou-se um discurso não somente oposicionista ao governo Dilma Rousseff, mas claramente de direita. Uma característica fundamental da “nova direita” é a sua composição heterogênea, visto que ela se articula desde movimentos sociais, como o MBL, passando pelos grandes meios de comunicação, associações empresariais, além de ser discursivamente sustentada por intelectuais com franco acesso midiático. Um dos propósitos centrais desta mesa é explorar essa diversidade, buscando fugir de respostas rápidas e de estereótipos construídos no calor do embate político hoje vigente no Brasil. Para além de enfocar a "nova direita”, a partir da sua firme condição oposicionista e de articuladora do pedido de impeachment do governo Dilma, nosso intento é fazer uma radiografia de suas origens, de suas posições políticas, econômicas, sociais, culturais, ideológicas, altamente complexas, tendo em vista a diversidade dos grupos e dos interesses envolvidos.
Coordenação: Daniel de Mendonça (UFPel)
Expositores: Cicero Araujo (USP), Christian Lynch (IESP-UERJ), Jorge Gomes de Souza Chaloub (IBMEC-Rio)
MR3 - A implementação de políticas – o lugar das interações burocratas-público-alvo na (re)produção de desigualdades sociais.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 6 – Hotel Glória
A mesa tem como objetivo aprofundar a reflexão sobre os efeitos da implementação de políticas públicas sobre as desigualdades – os “efeitos sociais da implementação”. A literatura sobre políticas avançou em analisar a implementação, considerando suas estruturas, instrumentos e estratégias, atores e suas redes sociais nas decisões efetivamente executadas. Estudos sociológicos sobre a desigualdade também produziram achados importantes para a compreensão das dinâmicas relacionadas à pobreza e aos processos de exclusão social. No entanto, nota-se avanço bem menor quando observamos a interface dos dois temas, ou seja, a compreensão de como as relações entre “burocratas” e usuários/beneficiários de políticas produz consequências para trajetórias de inclusão e exclusão social dos segmentos mais pobres. Além disso, uma possível retração das políticas sociais, em função da crise, torna ainda mais importante o exame dessas relações. Nesse contexto, a mesa articulará diferentes perspectivas analíticas e metodológicas, contribuindo para uma melhor compreensão das relações cotidianas constitutivas dos processos de implementação e seus potenciais efeitos sobre a (re)produção de desigualdades.
Coordenação: Eduardo Cesar Leão Marques (USP)
Expositores: Gabriela Spanghero Lotta (UFABC), Roberto Rocha Coelho Pires (IPEA), Roberto Dutra Torres Junior (IPEA)
MR4 - Campos de produção e difusão de conhecimento e informação sobre a América Latina no Brasil.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 7 – Hotel Glória
O objetivo é discutir a formação, a organização e o funcionamento de "campos de produção e difusão de conhecimento sobre a América Latina no Brasil", resultante de iniciativas institucionais nas últimas quatro décadas, públicas e privadas, com foco sobre a região. Visa-se explorar dimensões sócio-político-culturais e científicas de processos de regionalização e integração regional. Ao enfocarem a América Latina para compreender, monitorar e influenciar os processos em curso no continente, as instituições e respectivos atores nestes campos também contribuem para tais processos, eles próprios, por meio de suas estruturas, dinâmicas e trajetórias. Conceitos políticos e sociais, como América Latina, não são elementos neutros da linguagem. Seus significados abundantes e frequentemente contraditórios são apropriados por diferentes projetos políticos e geopolíticos. O debate priorizará especialmente as representações, narrativas e agendas relacionadas ao "desenvolvimento" e à "democracia" na América Latina, temas que tradicionalmente mobilizam arenas acadêmicas, políticas e societais nos países latino-americanos, sobretudo em períodos de grandes crises.
Coordenação: João Feres Júnior - (UERJ)
Expositores: Ramón Miguel Torres Galarza (MREMH), Joanildo Albuquerque Burity (Fundaj), Flávia Lessa de Barros (UnB)
MR5 - Cenários da violência: representações crueldade e medo.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 8 – Hotel Glória
Dentre as representações sociais da violência, merece atenção as produzidas pelos meios de comunicação de massa, que atuam como poderosos instrumentos da "construção social da realidade". Ou seja, muito do que se conhece habitualmente sobre a violência é oferecidos pelas mídias, pelas representações que ela difunde e, não raro, contribuem para a formulação de uma espécie de "cultura do medo". Ao contrário dos meios de comunicação de massa, as expressões estéticas de forma geral não se limitam a representar a violência, mas a ritualizam de tal modo a figurá-la, i.e., intensificam a experiência da realidade social, dramatizando-a. De uma forma ou de outra, as representações sociais da violência informam práticas sociais e orientam as condutas individuais cotidianamente, pois carregam valores e normas socialmente constituídos e, em alguma medida, legitimados, a constituir, assim, uma forma de saber prático. A Mesa Redonda aqui proposta tem como objetivo colocar em diálogo pesquisas que discutam a relação entre violência, representação/figuração e consequências práticas dessas representações, tais como o medo exacerbado ou a criação de novas leis e/ou políticas públicas de segurança.
Coordenação: César Barreira (UFC)
Expositores: César Barreira (UFC), Tatiana Savoia Landini (UNIFESP), Enio Passiani (UFRGS)
MR6 - Coligações eleitorais no Brasil: balanço sobre a atual agenda de pesquisa.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 9 – Hotel Glória
O objetivo da mesa proposta está em promover uma discussão sobre o atual estágio da produção acadêmica que investiga as razões e efeitos das coligações eleitorais no Brasil. São raros os momentos em que são criados fóruns públicos para uma ampla discussão e divulgação sobre o tema, a despeito da relevância do mesmo para a compreensão sobre os impasses da governabilidade produzidos pelo elevado número de partidos no país. Para permitir um espaço de interlocução sobre o tema serão tratados: apresentação e reflexão crítica sobre as principais abordagens metodológicas nos trabalhos produzidos sobre o cenário das coligações entre 1990 e 2014; finalizando com uma discussão referente aos efeitos das coligações sobre o sistema político brasileiro, refletindo sobre os principais achados e possíveis desdobramentos de pesquisa.
Coordenação: Silvana Krause (UFRGS)
Expositores: Carlos Augusto M. Machado (UnB), Geralda Luiza de Miranda (UFMG), Humberto Dantas de Mizuca (Insper)
MR7 - Configurações do campo da Antropologia Linguística no Brasil.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 10 – Hotel Lopes
A mesa redonda tem o intuito de refletir acerca da conformação da área da Antropologia Linguística no Brasil, a partir da articulação das diferentes linhas de pesquisa e áreas que envolvem a Antropologia. Nesse sentido, tem o interesse de promover discussões a partir do entendimento acerca do que as pesquisas têm articulado e delineado neste campo, no que se refere a construção teórica e metodológica, destacando a potencialidade da relação entre língua e sociedade nas Ciências Sociais. A discussão engloba pesquisas em que a língua passa a ser a fonte de dados e análise etnográfica, a partir dos discursos, performances, gestos, conversas, textos. Torna-se emergente verificar as contribuições acerca de fenômenos sociais, levando em consideração a indexicalidade nas narrativas dos sujeitos, em contextos diversificados, tais como, a esfera política, o âmbito da saúde, a área da educação, as relações econômicas, as práticas rituais, dentre outros importantes campos de comunicação. A interação inerente às fronteiras entre a Antropologia e a Linguística abarca significativos debates em torno do reconhecimento, descrição e configuração cultural que permeia as diferentes esferas sociais.
Coordenadora: Esther Jean Langdon, (UFSC)
Debatedor: Leland McCleary (USP)
Expositores: Danilo Paiva Ramos (USP), Ana Luisa Borba Gediel (UFV), Éverton Luís Pereira (UnB)
MR8 - Deficiências, direitos humanos e experiências etnográficas.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 1 – Hotel Glória
Esta Mesa Redonda dá continuidade ao trabalho do ano anterior, iniciado na 39ª reunião da ANPOCS, e visa ampliar a reflexão sobre o conceito de deficiência orientado por diferentes perspectivas. Partindo do pressuposto que deficiência é tanto uma categoria analítica, em diálogo com um conjunto global de preocupações teóricas e epistemológicas das ciências sociais e que pode contribuir para diferentes discussões já consolidadas nos campos do conhecimento que a compreendem, como uma categoria política, organizada por sujeitos que visam políticas públicas. Portanto, serve também para problematizar a própria dicotomia entre os aspectos de análise e politização das categorias na formação do conhecimento que produzimos. A presente mesa também, em seu segundo ano, deseja auxiliar na consolidação dos “estudos da deficiência”, nas Ciências Sociais no Brasil. A disputa acerca da deficiência, acerca de seu conceito, de sua dimensão, da constituição de seus sujeitos, de seus direitos, sempre foi motivo de grande debate. Desde modelos religiosos, passando a modelos médicos a modelos sociais, a deficiência, seja ela manifesta física, mental, intelectual ou sensorialmente, produziu narrativas e abarcou inúmeras instâncias discursivas. Desde a concepção corpos monstruosos, menos humanos, até a concepção de que a deficiência é uma das múltiplas possibilidades da diversidade humana um longo caminho, político e teórico foi desenvolvido, por pensadores, movimentos sociais e políticas públicas.
Coordenação: Adriana Dias (Unicamp)
Expositores: Patrice Schuch (UFRGS), Valeria Aydos (UFRGS), Ernesto Esteves Neto (USP)
MR9 - Direitos humanos, moralidades e teoria social.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 12 – Hotel Lopes
Nossa proposta parte do deslocamento do olhar normativo para os direitos humanos, ou seja, de um olhar sobre os fenômenos sociais em que os direitos humanos aparecem como elemento subjacente à análise, na condição de pressuposto normativo (ético-jurídico), para um olhar que enxergue os direitos humanos como objeto de investigação, em si, isto é, como quadro de valores utilizados pelos atores e como conjunto de práticas sustentadas por esse quadro, fazendo um primeiro exercício intelectual no sentido de reconhecer os direitos humanos como um "algo que existe" na sociedade para além das normas do direito, e como um algo a que se faz referência, como quadro abstrato, em vários sistemas sociais: política, mídia, movimentos sociais, e em menor escala, a economia e a ciência. Para tanto, propomos o encontro de pesquisadores brasileiros particularmente dedicados a construir uma sociologia da moral cujo objeto de base sejam os direitos humanos como elemento central das efetivações e das disputas. O debate parte ao mesmo tempo na vanguarda da presença dos direitos humanos como objeto nos trabalhos desses pensadores e dos diálogos que eles já estabelecem com outras redes de pesquisa.
Coordenação: Alexandre Werneck (UFRJ)
Expositores: Mariana Possas (UFBA), Jussara Freire (UFF), Vitor Blotta (USP)
MR10 - Estudos sobre família e trabalho em contextos desiguais: desafios metodológicos.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 11 – Hotel Lopes
A expansão do ingresso das mulheres no trabalho, o maior acesso à escolaridade, queda na fecundidade, crescente processo de individuação nas relações sociais, formas diferenciadas de conjugalidade, parentalidade e arranjos familiares e as políticas de suporte às famílias, são aspectos decisivos para a redefinição de formas de construção de diversos lugares para as mulheres e homens na sociedade e na família. As análises que estão sendo produzidas pelos estudos nas ciências sociais se localizam mais fortemente nos eixos teóricos (divisão sexual do trabalho doméstico, interseccionalidade, consubstancialidade, teorias pós-estruturalistas de gênero) e empíricos (mensuração e análise da inserção das mulheres no mercado de trabalho, articulação trabalho e família, conjugalidades, lutas por reconhecimento). Nesse cenário, no entanto, o enfrentamento das questões metodológicas tem ficado mais à margem: como os fenômenos sociais em transformação estão sendo apreendidos e as categorias analíticas estão sendo operacionalizadas? A mesa tem como objetivo trazer a discussão sobre categorias analíticas e sua operacionalização metodológica na prática da pesquisa disciplinar e multidisciplinar.
Coordenação: Felícia Silva Picanço (UFRJ)
Debatedora: Jurema Gorski Brites (UFSM)
Expositoras: Delma Pessanha Neves (UFF), Claudia Lee Fonseca (UFRGS), Clara Maria de Oliveira Araújo (UERJ)
MR11 - Fronteiras e mobilidades transnacionais.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 13 – Hotel União
A proposta visa consolidar um espaço de interlocução entre pesquisadores que se dedicam ao estudo sobre fronteiras em suas múltiplas possibilidades analíticas. A Mesa Redonda propõe-se a refletir sobre as novas configurações produzidas pelas tensões decorrentes de fluxos migratórios em zonas fronteiriças, as conflitualidades vivenciadas e outros lugares de fronteiras, tanto do ponto de vista dos deslocamentos e das formas de vigilância do circuito de pessoas e mercadorias nos diversos postos de controle, quanto da ótica das desigualdades e assimetrias econômicas, políticas, sociais e simbólicas. Os fluxos migratórios e os circuitos transnacionais das mercadorias consistem em fenômenos sociais intensos da sociedade contemporânea e estão relacionados à circulação financeira, de bens, de informações, de símbolos e marcas da economia capitalista pautada em profundas relações de consumo e ilegalismos. Esses fluxos têm produzido dinâmicas de reconfiguração das fronteiras entre e intra estados nacionais, gerando novas realidades no campo das políticas de integração e cooperação transfronteiriça, segurança nacional e pública, desenvolvimento local, interculturalidade e cidadania.
Coordenação: Marcelo Alario Ennes (UFS)
Expositores: Eric Cardin (PSCF/UNIOESTE), José Lindomar C. Albuquerque (UNIFESP), Luiz Fábio Paiva (UFC)
MR12 - Gênero na cosmopolítica ameríndia: casos etnográficos em debate.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 14 – Hotel União
A mesa redonda pretende debater a pertinência do dualismo de gênero para o entendimento dos vínculos políticos e rituais entre povos indígenas amazônicos contemporâneos. Se a relação entre xamanismo e política já está mais ou menos consolidada como condição para a legibilidade do social entre os povos indígenas — o que vem sendo tratado pela etnologia ameríndia como “cosmopolítica”, isto é, múltiplas relações com a alteridade humana e não-humana, outros povos, “brancos”, animais, espíritos —, a proposta é articular conceitualmente estes campos relacionais a partir de uma perspectiva que inclua a diferença de gênero como referente ao seu entendimento. A partir das etnografias de cada uma das pesquisadoras, espera-se articular as agências masculinas e femininas em eventos contemporâneos de povos indígenas ameríndios, a fim de ser pensar as possíveis conexões entre as ideias de ‘politica’, ‘ritual’ e ‘gênero’. Ao mesmo tempo, visa-se uma reflexão a respeito da sobreposição a realidades outras de nossas categorias analíticas como publico/ doméstico, ritual/ cotidiano, cultura/natureza, masculino/feminino.
Coordenação: Beatriz de Almeida Matos (UFPA)
Expositores: Oiara Bonilla (UFF), Fabiana Maizza (USP), Nicole Soares Pinto (MN/UFRJ), Julia Otero dos Santos (MPEG)
MR13 - História da sexualidade de Michel Foucault, 40 anos depois: poder, sexualidade e gênero nas Ciências Sociais.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 15 – Hotel União
A obra de Michel Foucault (1926-1984) "História da Sexualidade I: a vontade de saber" (1976) tornou-se referência incontornável para compreender como o sexo é regulado pela instituições, assim como a sexualidade é tanto um fato discursivo, quanto resultado de relações de poder. A mesa proposta pretende justamente explorar os efeitos do livro no campo das Ciências Sociais. A partir de diferentes perspectivas, os participantes convidados problematizam o legado do livro nas investigações sociais contemporâneas, tanto explorando noções como as de dispositivo e biopoder, essenciais nas investigações de Foucault, quanto as aberturas para pesquisas empíricas que o livro propiciou, como acerca da já citada regulação do sexo pelas instituições, acerca da centralidade da noção de gênero, bem como em domínios como os do feminismo e dos estudos queer. A mesa proposta busca ser crítica, já que a recepção dos trabalhos do autor nunca foi pacífica e isenta de polêmicas. A riqueza das hipóteses que levanta ao longo de suas investigações é, no entanto, inegável e pode ser explorada igualmente nos debates das Ciências Sociais.
Coordenador: Marcos César Alvarez (USP)
Debatedor: Luiz Claudio Lourenço (UFBA)
Expositores: Lucila Scavone (UNESP), Richard Miskolci (UFSCAR), Flávia Cristina Silveira Lemos (UFPA)
MR14 - Mariana, crônica de um desastre: mineração, sofrimento social e resistência.}
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 16 – Hotel União
A expansão do setor extrativo mineral no Brasil faz parte do processo de reprimarização da economia na America Latina e tem sido amplamente estudado por suas consequências socioambientais. O rompimento da barragem de rejeitos de minério em Mariana-MG é o maior desastre do gênero já ocorrido e constitui caso paradigmático. Além da destruição do ecossistema da bacia do Rio Doce até a foz no litoral capixaba, contam entre as vítimas trabalhadores, agricultores familiares, pescadores artesanais, comunidades tradicionais, povos indígenas e quilombolas, consumidores da água contaminada, dentre outros. A mesa reúne antropólogos, cientistas políticos e sociólogos com reconhecido expertise sobre o tema das consequências da mineração e análises específicas sobre o caso em tela. A mesa abordará os fatores que contribuíram para a ocorrência do desastre, incluindo os arranjos institucionais em torno do licenciamento e do monitoramento ambiental, as suas consequências, os arranjos institucionais que se apresentaram para soluciona-las, assim como o modus operandi empresarial no contexto. Ênfase será dada aos desafios teóricos, políticos e epistemológicos que o caso suscita.
Coordenação: Andréa Zhouri (UFMG)
Debatedora: Edna Castro (NAEA-UFPA)
Expositores: Henri Acselrad (IPPUR-UFRJ) Cristiana Losekann (Organon/UFES), Rodrigo Santos (PoEMAS-UFRJ), Andréa Zhouri (GESTA-UFMG)
MR15 - O ardil da dominação financeira no Brasil: doxa social e produção de notícias sobre a economia.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 17 – Hotel Caxambu
O objetivo da Mesa é tentar compreender como se produz a dominação financeira na sociedade brasileira contemporânea. As apresentações se baseiam em pesquisas empíricas realizadas em diferentes contextos e compartilham da mesma indagação: como se produz a dominação financeira no Brasil?. A primeira exposição buscará demonstrar que essa dominação cultural e econômica se impõe a partir de sua fundamentação dóxica, antes que teórica. Ela tem por base um estudo emblemático do "perigo da inflação" como deflagrador da narrativa ortodoxa. Em seguida, será abordado que a financeirização das notícias não é explicada somente a partir das ferramentas da economia política. De outro modo, uma interpretação rica é produzida, reconhecendo o impacto das tecnologias, a mudança no valor das notícias e a agência dos próprios jornalistas. Finalmente, a terceira exposição vai explorar as relações entre jornalistas da elite do jornalismo econômico brasileiro e "agentes eficientes" do espaço das finanças, como um dos fatores que levam à produção e à manutenção de enquadramentos "ortodoxos" e/ou "neoliberais" na produção de matérias jornalísticas sobre a economia.
Coordenação: Maria Chaves Jardim - (UNESP)
Expositores: Roberto Grun (UFSCAR), Tomas Undurraga (UCL), Antonio José Pedroso Neto (UFT)
MR16 - O debate em torno da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no contexto das políticas curriculares brasileiras
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 18 – Hotel Caxambu
A mesa tem como objetivo discutir a proposta da Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Básico, apresentada em 2015 pelo Ministério da Educação, em especial no que diz respeito aos conteúdos da disciplina sociologia. Com três diferentes abordagens, a análise dessa base curricular terá como referência a comparação com outras propostas curriculares, tomando-as como políticas públicas e como desafios da democracia brasileira postos desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Além disso, pretende-se abordar um conjunto de ações mais ou menos recentes que expressam alternativas e ambiguidades na direção da definição centralizada dos saberes e conteúdos escolares, em especial no ensino médio, no Brasil e as implicações que daí decorrem para a elaboração de uma base nacional comum.
Coordenação: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins (USP)
Expositoras: Ileizi Luciana Fiorelli Silva (UEL), Simone Meucci (UFPR), Julia Polessa Maçaira (UFRJ)
MR17 - O desafio da comparação internacional.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 19 – Hotel Caxambu
Esta mesa tenciona refletir, a partir de perspectivas inspiradas pelas ciências politicas a sociologia e a antropologia, sobre a metodologia e a politica da comparação internacional. A comparação, frequente e quase de forma obsessiva com os Estados Unidos e alguns países da Europa, tem sido presente nas ciências sociais desde sua alvorada. Ha varias implicações metodológicas e politicas que precisam ser analisadas, tanto olhando para o passado quanto pensando no futuro: porque a comparação, sobretudo de cunho binário tem sido uma fora descritiva tão popular e o que temos ganho com isso? como e porque comparar nações , ou condições nacionais, em um mundo sempre mais formado por rede e relações transnacionais? não seria mais interessante comparar, por exemplo, cidades, sistemas de oportunidades, tipo de relação de trabalho e de produção? como pensarmos hoje a comparação ao longo dos eixos Sul-Norte e Sul-Sul? estas são algumas das questões tocadas pela mesa.
Coordenação: Livio Sansone (UFBA),
Debatedor: Claudio Furtado (UFBA)
Expositores: Omar Ribeiro Thomaz (UNICAMP), Adalberto Moreira Cardoso (UERJ), Livio Sansone (UFBA)
MR18 - Políticas sociais: sociabilidades, temporalidades e territórios.
Dia 25/10, terça-feira, das 8h30 às 10h00, sala 20 – Hotel Palace
Esta Mesa Redonda explora os processos de constituição, operacionalização e legitimação de políticas sociais em seus territórios, considerados como espaços sociais de mediação e de produção de sociabilidades. A partir da investigação de experiências concretas, nos interessa debater as políticas sociais e as reconfigurações da pobreza e do lugar social destinado aos pobres, seja via políticas de assistência, seja via inserção laboral. A partir destes eixos, propusemos-nos a desvendar alguns dos mecanismos de governo nas políticas de assistência através dos serviços e programas e de suas formas de concretização. Em segundo lugar, entender as implicações das transformações do mercado de trabalho e nos sistemas de proteção social, com enfoque nas possibilidades de inserção social cidadã e redução das desigualdades, considerando a crise recente e a desigualdade estrutural da sociedade brasileira. Finalmente, colocamos sob análise , de um lado, os modos de acesso a políticas sociais e, de outro, as formas de operacionalização pelo “governo moral”, que envolve critérios morais e a mercantilização da assistência.
Coordenação: Marilis Lemos de Almeida (UFRGS)
Expositores: Isabel Pauline H. Georges (IRD), Christian Azaïs (LISE), Cibele Saliba Rizek (USP)
MR19 - "Que se vayan todos"? Uma discussão sobre a crise de legitimação da classe política brasileira.
Dia 27/10, quinta-feira, das 8h30 às 10h00, sala 2 – Hotel Glória
O desenvolvimento de uma classe política cada vez mais fechada a adventícios, heterogênea socialmente, mas semelhante quanto aos perfis de carreira e estratégias eleitorais é a conclusão da maior parte dos estudos sobre o tema no Brasil. A institucionalização das regras da democracia representativa impõe um conjunto de exigências que só podem ser atendidas por aqueles que se ocupam profissionalmente da política, e não por candidatos eventuais – por mais bens de fortuna que possuam, por maior que seja seu status social ou por mais vistosas sejam suas qualificações escolares. Essa característica do recrutamento tende a produzir um universo cada vez mais autônomo em relação a outros domínios da vida social. Ainda que o mundo da política não seja impermeável a outros campos, ele pode funcionar a partir de uma lógica específica que valoriza recursos obtidos dentro do próprio mundo político. Essa lógica favorece impõe uma forma de representação onde os políticos passam a representar mais seus interesses do que os interesses dos seus mandatários. Talvez isso esteja na base da “crise de representação” da classe política brasileira hoje. Esta mesa-redonda se propõe a discutir este tema.
Coordenação: Adriano Codato (UFPR)
Expositores: Bruno Speck (USP), Débora Messenberg (UnB), Igor Grill (UFMA)
MR20 - Questões e debates sobre a governança de sistemas agroalimentares.
Dia 27/10, quinta-feira, das 8h30 às 10h00, sala 3 – Hotel Glória
Desde meados dos anos 1990, normas, regras e padrões tornaram-se as palavras-chave para caracterizar a reconfiguração dos mecanismos de regulação econômica, aplicando-se a uma ampla variedade de setores de atividade (Fouilleux, 2012). O debate sobre a construção e o funcionamento dos "dispositivos de governança" esteve inserido na crítica à incapacidade do Estado para responder às demandas de uma economia cada vez mais globalizada (LeGalès, 1998). A partir desta crítica, diferentes dispositivos foram desenvolvidos, repassando para agentes privados e/ou da sociedade civil a responsabilidade sobre o monitoramento dos mercados (Bartley, 2007; Busch, 2013). As implicações deste processo se tornaram objeto de análise em diferentes disciplinas, primeiro no âmbito da Nova Economia Institucional (North, 1991) e da Economia das Convenções (Thévenot, 1997. Com foco voltado para a reestruturação do sistema agroalimentar, o objetivo desta mesa é analisar os desdobramentos mais recentes desta discussão, tendo como pano de fundo o diálogo entre estas diferentes correntes teóricas, e informado pelos resultados de pesquisas empíricas sobre diferentes mecanismos de governança.
Coordenação: Marcelo Domingos Sampaio Carneiro (UFMA)
Expositores: Paulo Andre Niederle - (UFRGS), John Wilkinson (UFRRJ), Stéphane Gérard Emile Guéneau (UnB-CDS e CIRAD)
MR21 - Reconhecimento, justiça e desigualdade.}
Dia 27/10, quinta-feira, das 8h30 às 10h00, sala 6 – Hotel Glória
A articulação entre reconhecimento, justiça e desigualdade ainda é um daqueles espaços teóricos que merecem expansão nas ciências sociais brasileiras. A teoria do reconhecimento (seja na perspectiva de Charles Taylor, Nancy Fraser ou Axel Honneth) abriu a possibilidade de se repensar grandes temas, como a questão das novas formas de trabalho contemporâneas e das classes sociais, os debates sobre racismo e conflitos étnicos, as mudanças nas relações de gênero, as novas configurações e conflitos de identidades, bem como a urgente questão global da imigração. O conceito de justiça, pensado na articulação entre suas dimensões procedimentais e normativas, se apresenta como fundamental para o enfrentamento das diversas formas de desigualdade social no Brasil atual. A questão da redistribuição de renda ao lado da peculiaridade dos movimentos sociais que presenciamos neste exato momento, apenas reforça a necessidade do aprofundamento do debate sobre o reconhecimento social. A compreensão da democracia não pode mais se furtar deste seu aspecto fundamental. Esta mesa propõe a discussão sobre os possíveis desdobramentos teóricos e empíricos destas questões.
Coordenação: Cinara Lerrer Rosenfield (UFRGS)
Expositores: Fabrício Barbosa Maciel (UFF), Josué Pereira da Silva (UNICAMP), Marek Hrubec (Czech Academy)
MR22 - Ruralidades no século XXI: balanço e desafios empíricos para a teoria social.
Dia 27/10, quinta-feira, das 8h30 às 10h00, sala 7 – Hotel Glória
Em consonância com a superação do antagonismo campo-cidade como eixo estruturador dos instrumentos de análise das questões sociais, esta Mesa Redonda propõe-se a debater categorias analíticas que se apresentam à luz dos novos temas que marcam os estudos rurais no Brasil. Buscar-se-á problematizar trabalhos recentes realizados no país sobre as metamorfoses contemporâneas do rural, estabelecendo interlocuções acerca dos novos desafios postos pelo mundo rural à teoria social. Dentre os temas centrais a serem discutidos, estão as transformações sócio-demográficas do rural (masculinização, envelhecimento, desagrarização), a regulação ambiental, o horizonte das políticas públicas para o campo (em suas dimensões agrícola, ambiental e de redução da pobreza e da desigualdade) e o papel das redes de solidariedade e de cooperação no campo.
Coordenação: Rodrigo Constante Martins (UFSCar)
Expositores: Arilson da Silva Favareto (UFABC), Flávio Sacco dos Anjos (UFPel), Ramonildes Alves Gomes (UFCG)
MR23 - Sociologia politica, história e ativismo social.
Dia 27/10, quinta-feira, das 8h30 às 10h00, sala 9 – Hotel Glória
A mesa propõe uma discussão sobre a tradição de pesquisa da sociologia política e seu potencial teórico para interpelar não apenas nossa compreensão de eventos contemporâneos, mas, também, de processos históricos de média e longa duração em nossa sociedade. A formulação traz ao menos três questões distintas que recoloca em pauta a relação entre história e teoria em pelo menos três dimensões diferentes. Primeiro como identificar a dimensão de processo inscrita no nosso presente, com continuidades e descontinuidades. Segundo como repensar o próprio processo histórico e alguns de seus eventos-chave a partir de novas categorias analíticas. Terceiro como conciliar uma visão mais matizada dos fenômenos sócio-políticos, historicamente variáveis, com a teoria, tendo em vista o compromisso da generalização teórica no campo da sociologia. Esses são desafios mais gerais e mais ou menos permanentes da sociologia política. Para retomá-los, nosso ponto de partida são algumas provocações formuladas num livro recente da área, Flores, votos e balas. O Movimento Abolicionista brasileiro de Angela Alonso.
Coordenação: André Botelho (UFRJ)
Expositores: Angela Alonso (USP, CEBRAP), Marcelo Carvalho Rosa (UNB), Maria Alice Rezende de Carvalho (PUC-Rio)
MR24 - Sociologia relacional: Um novo paradigma?
Dia 27/10, quinta-feira, das 8h30 às 10h00, sala 10 – Hotel Lopes
O “giro relacional” tem sido bastante forte na América do Norte e na Grã Bretanha, com interessante impacto na França, na Itália, nos países escandinavos, na Turquia, na Austrália e na Alemanha. A organização desta discussão na ANPOCS será não somente uma boa forma de introduzir os nossos colegas no Brasil a este paradigma emergente, mas também um modo de mostrar como este enfoque pode ser relevante para o estudo da sociedade brasileira e seus processos e problemas específicos. De um modo geral, o paradigma relacional se caracteriza por uma especial ênfase nas relações sociais. Mais precisamente, os sociólogos relacionais percebem os fenômenos sociais (sociedades, instituições, culturas, patrões sócias, correntes sociais etc.) como relações sociais definidas por conceitos, tais como redes, assemblages, campos sociais, mundos sociais, processos sociais ou configurações. O objeto da sociologia relacional é o estudo dessas formas de relação. Como qualquer outra constelação intelectual, a sociologia relacional também se caracteriza por controvérsias sobre temas centrais como a importância – e ainda a existência – de poderes causais das estruturas sociais. Porém, muitos sociólogos relacionais concordam com M. Emirbayer, autor este que explicou, em seu “manifesto relacional” (1997), que a sociologia relacional rejeita o estudo de “substâncias sociais” em favor da análise de “processos sociais”. Seguindo esta lógica, os sociólogos relacionais têm desafiado a ideia clássica segundo a qual relações sociais endurecidas (ou “coisas sociais”), uma vez cristalizadas, simplesmente determinam os comportamentos dos indivíduos e dos grupos. Neste sentido, a sociologia relacional é uma das abordagens que emerge na sociologia depois do declínio relativo do estruturalismo e de outras formas de determinismo social.
Coordenação: Frederic Vandenberghe (IESP-UERJ)
Expositores: Sergio Tonkonoff (CONICET/UBA), Francois Depelteau (LU), Gabriel Cohn (USP)
MR25 - Tempo, trabalho e política.
Dia 27/10, quinta-feira, das 8h30 às 10h00, sala 11 – Hotel Lopes
No campo da teoria democrática, as percepções críticas em relação aos limites do arranjo concorrencial imperante enfatizam a necessidade de ampliar a possibilidade de participação popular na política. Tal possibilidade é dependente da posse de vários recursos – e, crucialmente, de um deles, o tempo. O tempo pode ser visto, portanto, como um recurso político primário, o que implica colocar a divisão do trabalho no centro da discussão sobre a política. Ela é uma das formas centrais pelas quais determinantes de classe e gênero impactam a democracia. Controle e distribuição do tempo também são objetos importantes da disputa política. Políticas públicas incidem centralmente sobre a disponibilidade de tempo de diferentes grupos e pessoas. E é preciso levar em conta a velocidade com que as instituições respondem às diferentes demandas, colocando as populações mais pobres, em especial, na condições de "pacientes do Estado" – pessoas cujo tempo é suspenso, à espera de que necessidades vitais sejam atendidas. O objetivo da mesa é unir a ciência política, a sociologia do trabalho e o feminismo, para discutir as múltiplas interações entre controle do tempo, divisão do trabalho e política.
Coordenação: Luis Felipe Miguel (UnB)
Expositores: Helena Hirata (CNRS – França), Henrique Amorim (Unifesp), Flávia Biroli (UnB)
MR26 - Justiça: política por outros meios?
Dia 27/10, quinta-feira, das 8h30 às 10h00, sala 1 – Hotel Glória
As instituições do campo da justiça ocupam lugar central na cena política brasileira contemporânea. Chamadas a atuar no controle da administração pública, na arbitragem de conflitos entre os poderes políticos, no combate à corrupção e na consecução de políticas públicas, tais instituições têm redefinido as fronteiras entre direito e política, entre soberania e representação, entre legitimidade e legalidade. Com o agravamento da crise em 2016, ações do Ministério Público, da Polícia Federal e do Poder Judiciário passaram a ditar os rumos do processo político, politizando ao mesmo tempo o campo da Justiça. A mesa se propõe a expor e discutir as linhas principais deste cenário de judicialização da política e de politização da justiça.
Coordenação: Claudio Gonçalves Couto (FGV-SP)
Expositores: Marjorie Corrêa Marona (UFMG), Conrado Hubner Mendes (FADUSP), Diego Werneck Arguelhes (FGV-RJ), Rogério Arantes (USP)