2021 e os desafios da Pós-graduação em Ciências Sociais
Lia Zanotta Machafo(UnB)
Rachel Meneguello (UNICAMP)
Soraya Vargas Cortes (UFRGS)
Coordenação: André Boteho (ANPOCS)
Dia 22/02/2021, às 17h
Carta da Iniciativa para Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.br)
INTERESSE PÚBLICO REQUER DERRUBADA DOS VETOS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA AO PLP 135/2020
Caro deputado(a) [senador(a)]
Com o seu voto, o Congresso Nacional aprovou em dezembro o PLP 135/2020, que previa a liberação total dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o principal instrumento nacional de financiamento à ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Agradecemos muito a sua sensibilidade e visão política de valorizar e reconhecer a importância da CT&I para o País. A manifestação do Congresso Nacional foi muito expressiva no reconhecimento da relevância deste projeto para o desenvolvimento científico e tecnológico e para a inovação: ele foi aprovado por 71 a 1 no Senado Federal e por 385 a 18 na Câmara dos Deputados. No entanto, o Presidente da República, ao sancionar o projeto, agora Lei Complementar nº 177/2021, introduziu vetos que descaracterizaram completamente o projeto de lei original: o que retira da norma a proibição de que os recursos do FNDCT sejam alocados em reservas de contingência, fiscal ou financeira; e o item que pretendia liberar os recursos do FNDCT colocados na Reserva de Contingência no ano de 2020.
Com o primeiro veto foi eliminado o ponto essencial do PLP 135/2020, que era impedir a Reserva de Contingência do FNDCT, que hoje paralisa 90% dos seus recursos para investimentos. Para 2021, por exemplo, a proposta de orçamento da União prevê que, dos R$ 5,3 bilhões arrecadados para o fundo e destinados a investimentos não reembolsáveis em CT&I, R$ 4,8 bilhões ficarão na Reserva de Contingência e, portanto, não poderão ser usados para sua finalidade legalmente definida, que é o financiamento da pesquisa científica e tecnológica e da inovação.
Em um momento de grave crise sanitária, econômica e social essa é uma decisão catastrófica para o país e que caminha na direção exatamente oposta ao que estão fazendo os países desenvolvidos. Com isso, o país continuará a ser privado de um recurso essencial para apoiar as universidades e as instituições de pesquisa, para manter os laboratórios, para financiar a inovação em pequenas e médias empresas, via subvenção econômica e outros programas, e para possibilitar interações inovadoras entre as instituições de pesquisa, o sistema produtivo e os setores públicos. Ressalte-se que, nas últimas décadas, o FNDCT foi crucial para a CT&I no Brasil, trazendo inúmeros benefícios para a economia e para a melhoria das condições de vida da população brasileira, como amplamente demonstrado no Congresso Nacional, por parlamentares de todos os partidos, durante a votação do PLP 135/2020.
O argumento explicitado pelo governo para justificar o veto à extinção da Reserva de Contingência do FNDCT alega que “o dispositivo contraria o interesse público, tendo em vista que colide com disposições legais já existentes, além de poder configurar, em tese, aumento não previsto de despesas, resultando em um impacto significativo nas contas públicas, ...”. Nem o impacto significativo nas contas públicas destes recursos do FNDCT – diminutos se comparados com o estoque da dívida pública ou o orçamento da União e com retorno bem maior que o investimento – está demonstrado, nem se justifica o argumento de que a proibição de contingenciamento poderia prejudicar outras políticas públicas desenvolvidas pela União – pelo contrário, agrega valor a políticas públicas em áreas como saúde, segurança alimentar, defesa, economia digital e energias renováveis, entre outras. A saúde da população, em particular, exige especial atenção neste momento: a liberação dos recursos do FNDCT é fundamental para fomentar a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico que permitam o combate ao novo coronavírus e suas variantes. E possibilita também fomento a projetos inovadores na indústria, imprescindíveis para a recuperação econômica do país e a retomada da competitividade brasileira no cenário internacional, como afirma em nota a CNI.
Além disso, é a reserva de contingência que colide com dispositivos legais, representando um desvio para outros fins de recursos angariados das empresas para investimento em ciência, tecnologia e inovação. Isso revela apenas a visão estreita sobre a importância da CT&I para o País e a ausência de prioridades nas políticas públicas que têm levado o País para um caminho de atraso, de dependência tecnológica e de empobrecimento geral.
Os argumentos que pretendem justificar os vetos vão em sentido contrário às próprias declarações públicas do Presidente da República, imediatamente anteriores aos vetos, que destacou a importância para o País da liberação dos recursos do FNDCT no projeto de lei que ele iria sancionar em seguida. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), bem como outras pastas ministeriais, se posicionou pela aprovação integral do projeto de lei. Além disso, a não liberação dos recursos do FNDCT descumpre um preceito fundamental da Constituição Federal ao não respeitar o seu Artigo 218: “O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. § 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.”
A comunidade científica e tecnológica vai lutar arduamente no Congresso Nacional para derrubar os vetos do presidente Jair Bolsonaro presentes na Lei Complementar nº 177/2021. Por isto conclamamos e solicitamos a(o) caro(a) deputado(a) [senador(a)] que reafirme o seu posicionamento, quando da votação do PLP 135/2020, e vote pela derrubada dos vetos presidenciais que descaracterizam este projeto de lei essencial para o País. Toda a comunidade científica e tecnológica brasileira, bem como a população brasileira que será beneficiada pela liberação dos recursos integrais do FNDCT, aguarda e espera por esta sua ação. Ficaremos reconhecidos por ela.
ABAIXO-ASSINADO NACIONAL
O Congresso Nacional aprovou o PLP 135/2020, que previa a liberação dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o principal instrumento de financiamento à ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Ele reconheceu, de forma expressiva, a relevância do projeto: foi aprovado por 71 a 1 no Senado e por 385 a 18 na Câmara. No entanto, o Presidente da República, ao sancionar o projeto, e apesar de promessas públicas de acatá-lo, colocou vetos que alteram completamente o projeto original: um deles retira a proibição dos recursos do FNDCT serem colocados em reserva de contingência; outro impede a liberação dos recursos integrais do FNDCT de 2020. Com o primeiro veto foi retirado o ponto essencial da lei que era eliminar a reserva de contingência, que sequestra 90% dos recursos para investimento do FNDCT.
Essa é uma decisão catastrófica para o país, ainda mais em um momento de grave crise sanitária, econômica e social, e que caminha na direção oposta ao que fazem os países desenvolvidos. O país continuará a ser privado de um recurso essencial para apoiar as universidades, institutos federais e instituições de pesquisa, para manter e expandir laboratórios de pesquisa e para fomentar projetos inovadores, em particular em pequena e médias empresas, imprescindíveis para a recuperação econômica do País. A liberação dos recursos do FNDCT é também fundamental para apoiar a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico no combate ao novo coronavírus.
Nas últimas décadas, o FNDCT foi crucial para a CT&I no Brasil, trazendo inúmeros benefícios para a economia e para a melhoria das condições de vida da população brasileira. A sua absurda reserva de contingência agride dispositivos legais, ao direcionar para outros fins os recursos destinados por lei para a CT&I. A não liberação dos recursos do FNDCT descumpre um preceito fundamental da Constituição Federal no Artigo 218, § 1º: “A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.” Toda a comunidade acadêmica, científica e tecnológica, bem como a população brasileira que será beneficiada pela liberação dos recursos integrais do FNDCT, aguarda e espera por esta ação do Congresso Nacional.
OS ABAIXO-ASSINADOS, ENTIDADES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS, INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA, PESQUISADORES, PROFESSORES, ESTUDANTES, TÉCNICOS, EMPRESÁRIOS, PROFISSIONAIS LIBERAIS, TRABALHADORES, CIDADÃS E CIDADÃOS BRASILEIROS, DEFENDEM A DERRUBADA DOS VETOS PRESIDENCIAIS AO PROJETO DE LEI 135/2020 E COBRAM ISTO DOS REPRESENTANTES DO POVO BRASILEIRO NO CONGRESSO NACIONAL.
Caras e caros colegas,
Prossegue em nosso país o bombardeio contra a cidadania. Desta vez, as águas turvas da iniquidade são lançadas contra o Patrimônio Cultural Imaterial (PCI), que é a manifestação mais contundente da diversidade que nos caracteriza, e que alimenta nossa participação junto à humanidade.
Sua salvaguarda é pautada e respaldada por dispositivos jurídicos importantes, entre os quais a Constituição Federal que, em seu Artigo 216, o conceitua como referência dos grupos formadores da nação brasileira, em sua diversidade; o Decreto 3551/2000, que cria o Registro e o Programa Nacional de Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial; o Decreto 5753/2006, que promulga a convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial e que, por possuir caráter vinculante, acarreta o compromisso do Estado Brasileiro de executá-la e cumpri-la inteiramente.
Esse conjunto de instrumentos jurídicos, além das normas administrativas dele derivadas, formam um regime complexo de governança cuja implementação não apenas requer do gestor conhecimento especializado, como, mais do que outros, repousa no princípio de participação, tanto do Conselho Consultivo do órgão, quanto das comunidades, cujos referenciais de pertencimento se pretenda fortalecer. É hora de exigir o alinhamento da atual gestão do IPHAN a esses princípios.
Afrontar essa realidade complexa é transgredir o aparato jurídico que regula sua governança, é desrespeitar o modus operandi institucional, os conhecimentos acumulados e a ética de seus servidores. Em suma, é uma temeridade que só pode resultar da falta de conhecimento ou irresponsabilidade de quem decide.
Antonio Augusto Arantes Neto
Professor Emérito da UNICAMP, Ex-presidente do IPHAN.
Vice-Presidente do Conselho Científico Internacional do ICOMOS para o Patrimônio Imaterial.
Representante da ANPOCS no Forum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro
O projeto Ciências Sociais Hoje – Balanços Bibliográficos BIB/Anpocs 2020 teve início em 2018 por iniciativa dos editores e das editoras da Revista Brasileira de Informação Bibliográfica – BIB. Considerando-se que o último balanço bibliográfico da Anpocs havia sido publicado em 2010, julgamos ser este um momento oportuno para reavaliar a produção bibliográfica nas diversas áreas do conhecimento nas Ciências Sociais. Trata-se, portanto, de um projeto que visa em primeiro lugar a atualizar os pesquisadores e pesquisadoras do país em relação à produção bibliográfica realizada na última década nas áreas temáticas tradicionais e em novas áreas do conhecimento, identificando novos debates, problemas de pesquisa, abordagens e fontes de informação.
O caráter inovador do projeto diz respeito à política editorial adotada: as organizadoras e os organizadores de cada volume foram escolhido(a)s de maneira independente, alguns/algumas dele(a)s externos e outros internos à própria revista, com base no critério da diversidade de áreas do conhecimento, instituições e regiões do país. A diretriz para a escolha dos autores e das autoras convidado(a)s foi a mesma: diversidade institucional e regional. Finalmente, a chamada pública de textos teve por fim garantir ampla participação da comunidade científica. Tais mudanças produziram grande envolvimento da comunidade acadêmica: 83 autores e autoras de capítulos, 72 pareceristas, 9 organizadores, organizadoras e a equipe editorial da Revista BIB. Os três volumes abarcam as três áreas do conhecimento das Ciências Sociais: Antropologia, Ciência Política e Sociologia – cada um composto por 12 artigos, além de uma introdução dos organizadores e organizadoras.
Antropologia
ISBN 978-65-992667-3-7
Ciência Política
ISBN 978-65-992667-1-3
Download ebook Ciência Política
Sociologia
ISBN 978-65-992667-2-0
Comissão Editorial
Editora-chefe
Marcia Consolim (Universidade Federal de São Paulo)
Editora assistente
Raissa Wihby Ventura (Universidade Estadual de Campinas)
Editoria de área
Antropologia
Deise Lucy Oliveira Montardo (Universidade Federal do Amazonas)
Igor José de Renó Machado (Universidade Federal de São Carlos)
Julie Cavignac (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Soraya Fleischer (Universidade de Brasília)
Ciência Política
Adriano Codato (Universidade Federal do Paraná)
Mariana Batista (Universidade Federal do Pernambuco)
Ricardo Fabrino Mendonça (Universidade Federal de Minas Gerais)
Sociologia
André Botelho (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Eliana dos Reis (Universidade Federal Maranhão)
Luiz Cláudio Lourenço (Universidade Federal da Bahia)
Marcelo Carvalho Rosa (Universidade de Brasília)
Produção Editorial: Zeppelini Publishers (www.zeppelini.com.br)
Arte da capa: Marco Giannotti – Sem título (quarentena) – 170 X 150 cm – 2020 – Óleo sobre tela
Preparação da capa: Maiane Bittencourt
A Coletânia Ciências Sociais Hoje á um publicação ANPOCS
São Paulo: Dez./2020.
A ANPOCS instituiu o PRÊMIO ANPOCS DE EXCELÊNCIA ACADÊMICA destinado a reconhecer colegas por suas valiosas contribuições às Ciências Sociais brasileiras. Foram criados três prêmios, considerando-se as três áreas, cujas nomenclaturas homenageiam grandes colegas já falecidos, que tanto fizeram intelectualmente por suas disciplinas e pelo desenvolvimento institucional da ANPOCS.
Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Gilberto Velho em Antropologia
Premiada: Claudia Lee Fonseca (UFRGS)
"Nesses tempos tão excepcionais que estamos vivendo, não sei quanto a vocês, mas no meu caso, tenho a impressão que não encontro palavras à altura. Diante das mortes por covid, diante do assalto contra nossas estruturas de governo, diante dos casos ultrajantes de discriminação e injustiça, a emoção é tamanha que é difícil saber onde começar... Mas, aí a gente se dá conta da enorme importância da coletividade. É na ação coletiva que vejo esperança de enfrentar os desafios do momento... na coletividade e nos pequenos atos heroicos que vemos sendo realizados diariamente. A realização de reuniões profissionais como esta da ANPOCS, apesar das condições adversas, é um desses atos heroicos. É em reuniões como esta que reconhecemos a força e engajamento de cientistas sociais no Brasil -- mais firmes nesse momento do que nunca. E é esta força que o prêmio que estou recebendo hoje representa.
Este prêmio evoca o nome de um dos nossos antropólogos ancestrais mais venerados – Prof. Gilberto Velho. Mas, quero lembrar que Prof. Ruben Oliven – devidamente agraciado com este prêmio já alguns anos atrás -- traz a presença viva daquela primeira geração incrivelmente dinâmica que institucionalizou a antropologia no Brasil e que atraiu uma legião de jovens para o nosso ofício. Fizeram isso dando o exemplo de paixão pela pesquisa, rigor no trabalho científico, e engajamento na construção de uma sociedade mais justa. Quando cheguei ao Brasil em 1978, já peguei o bonde andando, mas aproveitei esse clima... e, antes de tudo, aprendi com meus colegas e minhas colegas que, para a antropologia ter algum sentido para a sociedade em que vivemos, tínhamos que estar abertos a mudanças radicais – inclusive, dentro do próprio mundo acadêmico.
A Antropologia no Brasil cresceu – fazendo desdobramentos originais com cada nova geração... Nosso leque de interesses se ampliou – indo além de grupos marginalizados para os detentores de poder; nosso métodos sofreram mudanças drásticas, se deslocando da canônica observação participante para as múltiplas “etnografias” que fazemos hoje -- multisituadas, online, dos documentos, e tantas outras. Nossas próprias equipes de pesquisa foram realinhadas. A medida que consolidamos nosso lugar junto aos movimentos sociais e outras coletividades, vimos nossos interlocutores se transformarem em colaboradores de pesquisa. Mas, é nesses últimos anos que testemunhamos uma mudança ainda mais fundamental de nossas disciplinas acadêmicas com a reconfiguração do perfil dos próprios produtores de conhecimento. Foram incorporados na universidade brasileira pesquisadores e pesquisadoras com identidade indígena, negra, lgbtt, feminista, pessoas com deficiência, assim como todo um leque de ativistas e líderes comunitários procurando nas ciências sociais um apoio para sua atuação. Basta olhar para o último congresso da ABA para ver as consequências incrivelmente dinâmicas desta presença. Por outro lado, estamos vendo, nesses tempos de pandemia, graças à perfeição dos aportes tecnológicos (de zoom até podcasts), um movimento para desafiar as clássicas fronteiras disciplinares, garantindo que nossas pesquisas estimulem trocas reflexivas muito além das torres acadêmicas de marfim. No bojo dessa efervescência de energias, olhamos para trás e perguntamos como conseguimos existir tanto tempo na aridez de um ambiente sem essas outras formas de entender e agir no mundo?
Sabemos que as ciências sociais estão sob sério assalto. Nas faculdades particulares, os cursos estão cerrando as portas; na universidade pública, estão minguando os recursos para pesquisa, como também as vagas para professores; e – só a semana passada – ficou aparente que não haveria bolsas de iniciação científica para nossos estudantes. Eu, pessoalmente, nunca vivi uma época assim. E, no entanto, estranhamente, -- ao assistir a recentes eventos (da ABA, ALA, ANPOCS), tenho a impressão que as ciências sociais nunca foram tão cheias de vida. Nunca antes vi nossas associações profissionais tão empenhadas em exercer uma influência nos fóruns nacionais de debate. Nunca vi meus colegas tão envolvidos em propiciar condições adequadas para manter a excelência acadêmica assim como a saúde emocional dos estudantes.
Estou profundamente honrada de fazer parte dessa coletividade. E agradeço o privilégio de constar entre os “ancestrais” do campo, representante da certa trajetória da antropologia brasileira que tem nos trazido – bem vivinhos -- até aqui. Não tenho exatamente saudades daqueles “primeiros anos” da disciplina, mas tenho enorme respeito pelo legado que nos deixou – um legado, sempre aberto a novos desafios, que inspira hoje em milhares de profissionais uma ética de rigor, auto-crítica e compromisso. Estou convencida que é esse espírito que, malgrado o tsunami do momento, vai a longo prazo garantir o crescimento das ciências sociais e seu lugar duradouro na construção da sociedade que queremos.
Claudia Fonseca, 1 dezembro, 2020"
Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Gildo Marçal Brandão em Ciência Política
Premiado: Leonardo Avritzer (UFMG)
Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Antônio Flávio Pierucci em Sociologia
Premiado: Carlos Benedito Martins (UnB)
Prezados(as) Integrantes da Diretoria da Anpocs, caros colegas presentes nesta solenidade.
Inicialmente gostaria de agradecer à Diretoria da Anpocs, com muita emoção, a atribuição de tão honrosa distinção. Não poderia deixar de registrar o trabalho realizado pela Diretoria da Anpocs e de seus diversos Comitês na organização deste Encontro, que sem dúvida apresentou desafios inéditos, enfrentados com espírito de determinação e com notável competência profissional. Gostaria também de agradecer ao professor Sérgio Miceli por suas generosas palavras.
Receber esta premiação da Anpocs, que leva o nome de Flávio Pieruci, representa um motivo a mais para minha alegria e emoção. Fomos colegas no mestrado na PUC de São Paulo e também atuamos como docentes no Departamento de Sociologia da mesma instituição durante vários anos. Quando Flávio tornou-se secretário executivo da Anpocs, me convidou para ser um dos Diretores desta importante Associação Científica. Tive a oportunidade, junto com outros colegas da então Diretoria, de desenvolver um trabalho institucional, conduzido com a eficácia e a alegria contagiante que Flávio imprimia às suas atividades. Durante quatro décadas, desenvolvi uma sólida amizade e uma frequente interlocução acadêmica com Flávio, cuja lembrança guardo com muita estima na minha memória.
Em um dos capítulos do notável livro Os Ensaios, escrito por Montaigne, em 1580, denominado Da Incoerência de nossas ações, ele pondera a respeito da força que as circunstâncias exercem em nossas vidas. Para ele, de certa forma, somos produtos das contingências. Em sua percepção, ninguém determina do princípio ao fim o caminho que pretende seguir na vida, pois só decidimos por trechos, na medida em que vamos avançando. Esta breve reflexão de Montaigne visava apontar a força que as circunstâncias exercem nas ações dos homens. No entanto, Montaigne ressaltava que as circunstâncias nunca jamais são favoráveis a quem não tem um porto de chegada previsto.
Esta consideração de Montaigne me conduziu a ponderar, de forma sucinta, que ao longo de minha trajetória acadêmica, pouco a pouco, fui construindo um projeto intelectual que contou com um conjunto de circunstâncias favoráveis que me levou a concentrar meus trabalhos sobre as relações entre universidade e sociedade. Esse projeto adquiriu seus primeiros traços durante minha intensa participação no movimento estudantil e na luta pela reforma universitária no emblemático o ano de 1968.
Desde os tempos de graduação, uma observação realizada por Max Weber no seu ensaio A Ciência como Vocação me impactou profundamente. Considerava que somente pela especialização rigorosa pode o cientista realizar alguma coisa duradoura. Em sua visão, apenas por meio desta dedicação íntima ao seu campo de especialização, o cientista social poderá vivenciar as sensações descritas por Weber como o sentimento de frenesi, de êxtase intelectual e o ardor de uma estranha embriaguez que emana do empenho apaixonado do pesquisador ao seu objeto de investigação.
A profícua interlocução intelectual e a convivência que tive durante meus anos de formação acadêmica e de docência na PUC de São Paulo com Octavio Ianni, Maurício Tratenberg – que escreveu o prefácio da primeira edição da publicação de minha dissertação, Ensino Pago: um retrato sem retoques – e Florestan Fernandes – que redigiu o prefácio da segunda edição desse livro – representaram uma etapa crucial nesse percurso. Da mesma forma, a rica interação intelectual com Maria Andrea Loyola – que acabara de defender seu doutorado na França e assumiu a orientação do meu trabalho – foi decisiva na minha trajetória acadêmica. Por meio de uma intensa troca de ideias marcada por sua generosidade e por laços de amizades tecidos ao longo do tempo, ela me permitiu articular minhas preocupações empíricas a respeito de universidade e sociedade com a teoria sociológica contemporânea. Maria Andrea me instigou a pensar sociologicamente sem a priori e sem preconceitos teóricos, ou seja, a atitude de refletir com liberdade de pensamento e o imenso prazer que advém desta prática intelectual, cujo comportamento procurei preservar na minha trajetória acadêmica.
Outra circunstância decisiva para levar adiante meu projeto intelectual ocorreu ao longo da realização de meu doutorado em Paris, com Bolsa da Capes. Por meio da intermediação de Maria Andrea Loyola, tive a oportunidade de ter acesso ao então Centre de Sociologie Europènne, dirigido naquela época por Pierre Bourdieu. Dessa forma, estabeleci contato cotidiano e diálogo com diversos pesquisadores que o integravam, seja pela participação em seus seminários, seja por meio de encontros pessoais, como Monique de Saint Martin, Louis Pinto, Francine Muel-Dreyfus, François Bonvin, Victor Karady. Tive a chance de participar de um seminário oferecido por Yves Wikin sobre Erving Goffman, quando estava escrevendo seu livro sobre este autor, denominado Le moments et leurs hommes, que se tornou, desde sua publicação, um texto clássico sobre a obra de Goffman. Seu seminário despertou minha disposição de aprofundar leituras a respeito da obra de Goffman, cujo propósito tenho procurado me dedicar, ao lado de outros encargos acadêmicos. Durante meu doutorado, observei de perto o intenso clima de pesquisa no Centre de Sociologie Europènne, que funcionava a pleno vapor, conhecendo seus temas e procedimentos de investigação. Por um período de cinco anos, frequentei os semináires fermés, de Pierre Bourdieu, ou seja, os seminários fechados, destinados apenas a quinze participantes, que eram selecionados por ele em função do projeto de pesquisa. Suas reflexões sobre o processo do trabalho sociológico, que pressupõem a necessidade de realizar uma constante sociologia reflexiva sobre as investigações desenvolvidas pelo pesquisador, esboçada em Le Métier du Sociologue, seu pensamento sobre o campo universitário francês, contemplado no trabalho Homo Academicus e posteriormente em La Noblesse d’État, assim como vários de seus artigos publicados no Actes de la Recherche en sciences sociales constituíram uma referência importante para minhas investigações posteriores.
Esse conjunto de circunstâncias tem marcado a produção de meus trabalhos nas últimas três décadas, direcionados para investigar diversas dimensões das relações entre ensino superior e sociedade no Brasil. Nesta direção, a formação de um complexo campo do ensino superior no país pós-64 constituiu objeto de investigação que perpassa vários trabalhos que realizei em distintos momentos. A exploração deste objeto me levou a analisar a inserção das instituições públicas e privadas no interior deste complexo campo, as diferenças acadêmicas existentes entre os segmentos público e privado, assim como a heterogeneidade presente no interior dos subcampos do ensino superior público e privado. Em vários desses trabalhos, ressaltei importância social e política das universidades públicas do país no processo de construção de uma sociedade democrática e de sua centralidade no combate às diversas formas de desigualdades sociais.
Também explorei a formação do sistema nacional de pós-graduação em vários trabalhos. Abordei as condições históricas que permitiram a emergência da pós-graduação, a participação da comunidade acadêmica nacional nesse processo e o efeito modernizador da pós-graduação nas universidades brasileiras, uma vez que institucionalizou a prática da pesquisa e a participação diferencial das instituições públicas e privadas na oferta desses programas. Ao mesmo tempo, enfoquei a relação entre pós-graduação e mercado de trabalho em diversas áreas do conhecimento, a partir da constituição de uma equipe de sociólogos de diversas regiões do país. Abordei também a inserção da sociologia no contexto da pós-graduação nacional, bem como a posição da temática do ensino superior no contexto da sociologia brasileira em distintos períodos históricos, visando destacar os temas privilegiados pelos pesquisadores. No período mais recente, passei a investigar a formação de um sistema transnacional de ensino superior, que se tornou mais visível à partir dos anos 1980, impulsionado pelo processo de globalização. Nos trabalhos que tenho realizado, envolvo pensadores clássicos e contemporâneos da sociologia. O fato de ter concentrado minhas atividades de ensino na área de teorias sociológicas contemporâneas tem me permitido relacionar meus trabalhos empíricos com uma reflexão teórica de autores mais recentes.
Considero que, de certa forma, homens e mulheres dedicados à atividade de pesquisa movimentam-se no campo acadêmico de maneira não muito diferente, tal como ocorre com determinados personagens nos romances de Paul Auster – particularmente em Leviathan e The Music of Chance –, nos quais a realidade do cotidiano, uma vez exposta à súbita intervenção do acaso, pode desmoronar a construção de projetos existenciais ou, ao contrário, contribuir favoravelmente para impulsionar sua realização. Uma série de circunstâncias e de eventos nos últimos 30 anos, ao lado de meus trabalhos de pesquisa, me levaram a envolver-me de corpo e alma no processo de consolidação do sistema nacional de pós-graduação e também na dinâmica da institucionalização do campo da sociologia realizada no país. Pertenço a uma geração que procurou levar adiante o trabalho de um grupo pioneiro de cientistas de diversas áreas de conhecimento que lutaram com ardor ao longo de décadas para a implantação do sistema nacional de pós-graduação e de colegas das ciências sociais que se dedicaram com perseverança para instituir programas de mestrado e de doutorado em nossas áreas de atuação, aos quais rendo minha homenagem neste momento.
Durante mais de dez anos integrei a área de sociologia da Capes. Mesmo depois de ter deixado este Comitê, continuei colaborando na condição de consultor ad hoc. Nesse contexto, participei, por meio de visitas in loco, da criação de mais de uma dezena de programas de mestrado e doutorado em sociologia, contribuindo para a implantação de pós-graduação na área em diversas partes do território nacional. Este processo de expansão dos programas de pós-graduação em sociologia – que os posteriores Comitês desta área na Capes levaram adiante – permitiu a sua presença em todo o território nacional e a incorporação de uma nova geração de sociólogos altamente qualificados, em sua maioria em centros de ensino e pesquisa no país e no exterior, que em geral estão inseridos em redes internacionais de pesquisa. Por outro lado, a expansão impulsionou uma descentralização geográfica dos centros de formação pós-graduada em sociologia e também uma crescente mobilidade espacial da circulação dos titulados em nível de doutorado, o que, tudo indica, terá um conjunto de impactos na reconfiguração do campo da sociologia no país.
Após ter deixado o Comitê de Sociologia, passei a integrar a Assessoria da Presidência da Capes por longos anos, sem me afastar de minhas atividades acadêmicas na UnB. Nesta situação, tive a oportunidade de adquirir uma visão mais ampla a respeito das diversas áreas de conhecimento que integram a pós-graduação nacional e de interagir com vários de seus pesquisadores. Participei da elaboração de dois Planos Nacionais de Pós-Graduação, sendo que assumi a posição de secretário-executivo no PNPG de 2005-2010. Procurei articular esta rica experiência profissional com meus trabalhos acadêmicos, uma vez que ela me fornecia um significativo volume de informações e temas de pesquisas, tal como ocorreu com a investigação de que participei, coordenada pelo professor Jacques Velloso, da UnB, sobre a formação de mestres e doutores e mercado de trabalho, que contou com a colaboração vários colegas da sociologia de diferentes partes do país.
Ao mesmo tempo, atuei de forma contínua por mais de trinta anos nos Encontros da Anpocs como um dos seus Diretores, integrando vários Comitês, coordenando GT, organizando simpósios etc. A Anpocs representa para mim, assim como para diversas gerações de cientistas sociais, um espaço fundamental de constante aprendizado intelectual, de intercâmbio de ideias e de conhecimentos. Desde a refundação da SBS no Congresso realizado em Brasília em 1987, tenho procurado contribuir ativamente na sua consolidação institucional, participando de sua trajetória, seja como diretor, coordenador de GT, vice-presidente e enquanto presidente, por dois mandatos, de 2015 a 2019. Desde sua recriação, as sucessivas Diretorias da SBS têm pautado seus trabalhos por um projeto institucional, visando imprimir padrões de excelência nas atividades de ensino e pesquisa e procurando inserir a sociologia na discussão de temas candentes no espaço público do país. A atual gestão, presidida pelo professor Jacob Carlos Lima, vem dando continuidade a este empreendimento institucional de forma dinâmica e competente.
Nas últimas décadas, formou-se uma vigorosa comunidade nacional e global de sociologia, antropologia, ciência política e outras ciências humanas que tem favorecido uma intensa comunicação acadêmica entre pesquisadores situados em diferentes países. Em função da relevância intelectual e social que a sociologia ocupa no mundo, Anthony Giddens, em seu livro Em Defesa da Sociologia, ressaltou que ela se tornou um ator fundamental na dinâmica cultural das sociedades contemporâneas.
A despeito da institucionalização da sociologia no país, a partir da década de 1930, o acervo significativo de trabalhos realizados investigou os impasses persistentes da nossa experiência coletiva, como desigualdades, relações raciais, crise do mundo rural, processo de urbanização e industrialização, formação da classe trabalhadora, dos setores médios, dos grupos dirigentes, ou seja, um conjunto de tópicos candentes na agenda de um país agoniado. Quando a pesquisa sociológica caminhava para um processo de afirmação institucional, a ditadura militar de 1964 aplicou-lhe um duro golpe na medida em que violentou a autonomia universitária por meio da aposentadoria compulsória e do exílio de expoentes da inteligência brasileira e da imposição de reitores em sintonia com o arbítrio. No entanto, naquele período, foi preservado o oxigênio financeiro das universidades públicas. Apesar de uma série de medidas repressivas, nada disso conseguiu sustar o fortalecimento institucional das ciências sociais no país. A expansão do ensino superior, o desenvolvimento do sistema de pós-graduação, a criação de agências públicas de financiamento à pesquisa e outros fatores moldaram a formação das novas gerações de sociólogos. A sociologia não só resistiu aos anos de chumbo como saiu mais forte institucionalmente após o exaurimento da ditadura.
Nas últimas décadas, no seu processo de contínua renovação no país, a sociologia tem analisado temas relevantes da sociedade brasileira, tais como violência urbana e no campo, novas formas de desigualdades sociais, raciais e de gênero, desastres ambientais, democracia e direitos humanos, diversidade social, religião e política, campo cultural, questões de ensino, universidade, ciência e tecnologia, inserção do Brasil no processo de globalização etc. Seus resultados propiciaram a construção de uma visão crítica da sociedade brasileira ao mesmo tempo que têm fornecido quadros profissionais qualificados que vêm atuando não somente no espaço universitário, mas também em instituições públicas federais, estaduais, municipais e em diversas organizações da sociedade civil. Neste sentido, a sociologia, ao lado da antropologia, ciência política e outras ciências humanas têm fornecido importantes contribuições intelectuais e sociais para o Brasil.
Vivemos tempos sombrios, impulsionados pela pandemia que no Brasil é agravada pelos efeitos perversos de um conjunto de ações conexas executadas pelo atual governo que atenta contra princípios elementares da democracia. Um conjunto de ações patrocinadas pelo atual governo que visam desconstruir direitos de minorias sociais, como indígenas, quilombolas, assim como procuram impor uma démarche contrária às liberdades individuais, à igualdade de gênero, à diversidade sexual, ao direito à saúde, à educação, à pluralidade de constituições familiares e à dignidade humana. Torna-se visível também sua atitude de intolerância à imprensa, à vida intelectual, às manifestações artísticas etc. O contexto acadêmico tem sido também impactado não apenas pelos drásticos cortes orçamentários, mas, sobretudo, pela disposição governamental de hostilizar as universidades públicas, de cercear a liberdade de ensinar, pesquisar, acolhendo favoravelmente iniciativas inibidoras provenientes de segmentos de uma direita raivosa e violenta, que empreende uma sistemática guerra digital contra a cultura, manifestações artísticas e ao conhecimento científico. Estas derivas autoritárias e os empenhos sistemáticos em desqualificar a atividade das ciências humanas e particularmente da sociologia ameaçam a continuidade e o vigor do trabalho empreendido por várias gerações de pesquisadores brasileiros, abortando as chances de renovação do conhecimento.
Diante dessa situação, temos de resistir e continuar com o que sabemos fazer, temos de enfrentar o repúdio pela excelência do trabalho de pesquisa, pela disposição de defender o confronto de ideias, lutar por atitudes democráticas de diálogo e da persistência de um pensamento crítico. Creio que mais do que nunca devemos desenvolver um trabalho conjunto, envolvendo nossas associações – Anpocs, ABA, SBS, ABCP –, ao lado de SBPC, Academia Brasileira de Ciência e outras instituições da sociedade civil, e SBPC e a SBS na defesa da importância das universidades públicas, a relevância da ciência, da cultura, das artes e da livre circulação do pensamento e defesa de um Estado democrático.
No início dos anos 1900, em seu trabalho Sobre a Teoria das Ciências Sociais, Max Weber ressaltou que existem ciências possuidoras de eterna juventude na medida em que o fluxo contínuo das mudanças das sociedades gera incessantemente novos problemas de pesquisa que as desafiam de renovar suas explicações e de reinventar-se de forma infindável enquanto ciência.
A sociologia realizada no Brasil e em outras partes do mundo tem demonstrado a capacidade de superar as iniciativas de descrédito, hostilidade e perseguições aos seus praticantes levadas a cabo por regimes autoritários de diferentes matizes políticos. A história tem evidenciado que, por mais extensa que seja a duração de governos adversos ao funcionamento das instituições democráticas, avessos à autonomia da vida acadêmica e que cultivam um arraigado ódio à vida intelectual e à atividade da sociologia, sua existência é transitória e eles estão destinados a desvanecer. Pelo contrário, a trajetória da sociologia, ao ensejar a prática de analisar novos objetos que surgem na vida social, incluindo em sua agenda de pesquisa a análise dos regimes autoritários, tem assegurado para si o dom da eterna juventude.
Gostaria de finalizar, afirmando que minha trajetória universitária representou um esforço de realizar alvos institucionais e coletivos a partir de encargos assumidos nas atividades de ensino, pesquisa e de participação na comunidade acadêmica nacional. Tudo que venho fazendo na vida profissional ao longo dos anos, foi movido por sentimentos de entusiasmo, profunda dedicação e paixão e pautado por um compromisso com a transformação da sociedade brasileira a partir do meu trabalho acadêmico. Este Prêmio renova minhas energias para continuar lutando – junto com a comunidade acadêmica das ciências sociais – pela preservação das conquistas sociais e acadêmicas que conseguimos alcançar nas últimas décadas. Mais uma vez agradeço à Diretoria da Anpocs pela indicação de meu nome para receber este Prêmio tão significativo no campo da sociologia no Brasil.
Há 30 anos, no dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde retirava a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). No mínimo, desde então, o uso do termo “homossexualismo”, cujo sufixo remete a doença, não faz mais sentido. Mesmo os documentos das instituições de saúde mais conservadoras não reconhecem o desejo/prática sexual com pessoas de mesmo gênero como patologia.
O Superior Tribunal Federal (STF), em 2019, entendeu como omissão inconstitucional do Estado brasileiro a inexistência de uma lei que criminalize a homofobia e a transfobia. Com esta posição, os ministros atentaram para a necessidade de garantia dos direitos fundamentais e do reconhecimento da diversidade sexual como um direito de todos e todas.
A Constituição Federal expressa de forma contundente a laicidade do Estado, o direito de expressão e livre exercício de crenças cultos religiosas. No entanto, nenhum desses direitos que sustentam a democracia brasileira podem ser ameaçados por discursos de ódio que vulnerabilizam qualquer grupo da população.
Nesse sentido, repudiamos as manifestações públicas do Ministro da Justiça e Segurança Pública André Mendonça, que afirmou em suas redes sociais que as pessoas poderiam discordar e questionar o “homossexualismo” com base “em suas convicções religiosas”. O posicionamento do Ministro, além de retrógrado e desatualizado, estimula ataques aos direitos da população LGBTI+ e confunde o direito à liberdade de convicções religiosas com o direito ao exercício da violência contra grupos sociais.
Assinam:
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais - ANPOCS
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia
Publicado em 04/12/2020
A ANPOCS parabeniza os novos membros da Academia Brasileira de Ciências das áreas de Ciências Sociais: o antropólogo Luiz Fernando Dias Duarte (UFRJ), a socióloga Nísia Verônica Trindade Lima (Fiocruz) e como membro colaborador o cientista político Abílio Baeta Neves (UFRGS).
Saudamos como um passo fundamental da aproximação da ABC com a sociedade brasileira a nomeação do grande sábio Davi Kopenawa Yanomani (povo Ianomâmi) que representa os saberes tradicionais.
Aqui o link para o resultado da eleição.
http://www.abc.org.br/2020/12/03/novos-membros-da-abc-eleitos/
O que cientistas sociais e de outras áreas de ciências humanas podem fazer diante de uma pandemia? Como podem intervir no debate público? Quais são as consequências do isolamento social para suas próprias pesquisas? Como manter os espaços de formação acadêmica durante o isolamento social? Como lidar com novas tecnologias de comunicação para o ensino? Quais os impactos da pandemia do coronavírus sobre populações tradicionais e grupos subalternizados na sociedade brasileira? Como o isolamento social no espaço doméstico exacerbou violências e desigualdades de gênero, raça, deficiência, entre gerações? Como a morte foi vivida por diferentes grupos sociais, com a impossibilidade de acompanhamento hospitalar e em um período em que os rituais funerários foram proibidos? Quais os impactos das políticas públicas sanitárias, econômicas e políticas durante a pandemia do COVID 19 no Brasil?
Escritos de modo direto e breve, os textos deste livro oferecem algumas respostas para essas e outras perguntas. Trata-se da contribuição coletiva de duas centenas de cientistas sociais para pensar os efeitos do COVID 19 nos contextos sanitário, social, político, econômico, cultural brasileiro durante o ano de 2020.
Cientistas Sociais e o Coronavírus
MIRIAM PILLAR GROSSI
RODRIGO TONIOL
(Organização)
Coedição
ANPOCS e Editora Tribo da Ilha
Coordenação da editoração
Tânia Welter
Apoio
Marie-Anne Leal Lozano e Lucía Copelotti
ISBN 978-85-64806-47-4
COMITÊ EDITORIAL DO BOLETIM CIENTISTAS SOCIAIS DA ANPOCS
Amurabi Oliveira (UFSC)
Camila Risso Sales (UFLA)
Carlos Benedito Martins (UnB)
Carlos Steil (Unifesp)
Felipe Fernandes (UFBA)
Flavia Biroli (ABCP – UnB)
Jane Beltrão (UFPA)
Luciana Balestrin (UFPEL)
Luiz Mello (UFG)
Marcelo Campos (UFGD)
Maria Filomena Gregori (ABA – Unicamp)
Miriam Pillar Grossi (ANPOCS – UFSC)
Patricia Rosalba Costa (UFS)
Rodrigo Toniol (ACSRM – UFRJ)
A atuação da Comissão de Acessibilidade propõe trazer o foco para a superação das barreiras propondo práticas de acesso que sejam acolhedoras das nossas múltiplas corporalidades. Visamos a expansão dos padrões corponormativos e a diversificação das interações, contemplando diferentes formas de estar no mundo e de aprender.
Promovemos a acessibilidade a partir de três perspectivas: (i) o uso de recursos normativos tais como Libras, legendagem e audiodescrição profissional, para superar as barreiras tecnológicas e comunicacionais; (ii) o fomento de uma cultura do acesso em ambientes acadêmicos, investindo na convocação de mudanças de atitude e de comportamento por todas as pessoas; (iii) a aposta em uma perspectiva estética daacessibilidade, que desenvolve estratégias poéticas de acesso que nascem junto com as obras ou com os materiais a serem disponibilizados para todas e todos.
Nossa expectativa é de que o encontro com as diferenças das deficiências promova a ampliação e a diversificação das formas de interagir, comunicar, perceber, tocar e se deslocar em ambientes virtuais ou presenciais.*
Abaixo listamos alguns materiais elaborados pela comissão de Acessibilidade ANPOCS/ABA.
Formato arquvio Word (acessível para leitores de tela)
* Texto elaborado pela comissão de Acessibilidade ANPOCS/ABA.
A Escola Nacional de Administração Pública - Enap abre processo seletivo para 10 bolsas de pesquisa, voltadas a candidatos com doutorado, sobre o tema da melhoria da qualidade regulatória.
Estão abertas inscrições para processo seletivo de concessão de bolsas de pesquisa do programa Cátedras Brasil, promovido pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Nesta edição, serão selecionados até 10 candidatos que apresentarem as melhores propostas inéditas de estudos na área de melhoria da qualidade regulatória, em dois eixos temáticos específicos. O valor mensal das bolsas é de R$ 3 mil e a iniciativa tem duração prevista de nove meses. Um dos pré-requisitos para participar da seleção é ter titulação acadêmica mínima de doutor, mas para concorrer não é preciso ser servidor público.
A ANPOCS se solidariza com colegas da UFPA e de todas as Universidades Federais que, indignados(as), estão mobilizados(as) para fazer frente à violação da autonomia universitária perpetrada pelo presidente da república ao não reconhecer os legítimos resultados de suas eleições internas para os cargos de reitor e vice-reitor.
Vejam a publicação do prof. Emmanuel Zagury Tourinho, reitor eleito na UFPA:
https://www.instagram.com/tv/CFhDqFFB4-J/?utm_source=ig_web_copy_link
Nota de pesar
É com uma tristeza profunda que a ANPOCS comunica a seus programas filiados e à comunidade das ciências sociais o falecimento de Luiz Antônio Machado, ocorrido nesta manhã de 21 de setembro. A sociologia perde, com sua morte, um dos mais sofisticados intelectuais da contemporaneidade. Sua inquietação teórica e o olhar atento à realidade fizeram de sua obra inspiração para cientistas sociais de várias gerações. Desde seu memorável texto sobre a ‘Sociologia do Botequim’, Machado transitou com competência e grande originalidade pelos caminhos da sociologia e da antropologia, contribuindo para a formação de centenas de alunos, a maioria dos quais ocupa hoje posição de destaque nas ciências sociais. Seus trabalhos sobre sociologia urbana, culminando com sua elaboração sobre o conceito de ‘sociabilidade violenta’ tornaram-se clássicos. E era também uma figura humana ímpar, como atestam os que tiveram o privilégio de sua convivência, acadêmica ou pessoal. Alegre, brincalhão e possuidor de grande carisma.
Em 2016, Machado foi homenageado pela ANPOCS com o Prêmio de Excelência Acadêmica em Sociologia. Transcrevemos aqui passagens do que Michel Misse, seu ex-orientando, colega de trabalho e amigo, escreveu sobre ele, ao apresentar o prêmio: “Entre uma época e outra, Machado ficou conhecido não só pela excelência de seus cursos e de sua orientação acadêmica, como também pela sua contribuição decisiva aos estudos urbanos no Brasil, especialmente sobre as favelas cariocas, os movimentos sociais urbanos e, ultimamente, a violência urbana. Foi uma interlocução extremamente fecunda para mim e toda uma geração de estudiosos, em que se sobressaíram a ênfase na violência como representação social e o originalíssimo conceito de sociabilidade violenta”.
Machado deixa uma enorme lacuna e, sobretudo, muitas saudades.
O curso “Mulheres rumo ao poder” é uma formação será remota, aberta e gratuita e voltada para mulheres candidatas a cargos dos poderes Legislativo e Executivo nas próximas eleições.
A iniciativa é uma parceria entre ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), ABCP (Associação Brasileira de Ciência Política), FIOCRUZ Minas Gerais, NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher)/UFMG e GIRA (Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação)/UFBA. “Nossa intenção foi constituir um espaço de elaboração de material de conteúdo, de compartilhamento, vocalização e reflexão sobre o tema das mulheres, seus direitos, a política brasileira e seus desafios para a maior inclusão de mulheres no campo político-institucional”, afirma a Profa. Dra. Marlise Matos (UFMG), coordenadora do projeto.
A formação está dividida em quatro módulos: (1) História dos feminismos e dos direitos das mulheres; (2) Mulheres, eleições, partidos e legislação; (3) Mulheres em campanha política; e (4) Depoimentos de Parlamentares. Para o quarto módulo, o projeto convidou todas as 70 Deputadas Federais para contribuir com testemunhos a partir de perguntas sobre os principais obstáculos que elas enfrentaram e sobre o que gostariam de dizer para as mulheres que estão se candidatando em 2020.
O acesso ao curso Mulheres Rumo ao Poder é aberto, livre e gratuito.
Convidamos todas a preencherem o formulário de perfil disponível aqui. Ao fornecer seus dados e algumas informações, você pode ter acesso a conteúdos exclusivos e participar de uma comunidade de troca de informações.
O tema das relações raciais é uma das questões-chave para se entender a constituição das ciências sociais no Brasil. As obras de autores tão diversos como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes, Thales de Azevedo, Guerreiro Ramos, Oracy Nogueira, Costa Pinto, Ruth Landes, Edison Carneiro, Roberto DaMatta, Roberto Cardoso de Oliveira, Fernando Henrique Cardoso, Otávio Ianni, Carlos Hasenbalg, Lélia Gonzales, dentre outros, mostram o peso que essa discussão teve para as várias narrativas sobre a história e o processo de formação do país. Pensar a questão racial era, pois, para os pioneiros das ciências sociais, um modo de procurar compreender o que era o Brasil, como ele se tornara o que se tornou e sua viabilidade como nação.
A centralidade disso nunca foi tão visível como nas últimas décadas. A polêmica sobre as ações afirmativas no início dos anos 2000, as políticas públicas de combate ao racismo na educação, na área fundiária, nos empregos públicos, na política indigenista etc. foram momentos importantes para essa discussão. Na atualidade, as denúncias sobre a violência policial contra a população negra, a política de contestação dos direitos à terra de grupos tradicionais (quilombolas, indígenas, etc.), a falta de medidas para impedir o avanço da pandemia entre a população indígena, ou as controvérsias sobre quem tem direito a usar certos símbolos ou falar sobre determinados tópicos raciais mostram o quanto esse debate ganhou relevância na agenda pública e se tornou uma questão sensível, capaz de provocar sofrimento, indignação, estereotipização e/ou resistências.
Todas essas mudanças sobre a compreensão das questões étnico-raciais exigem que exercitemos mais do que nunca a imaginação sociológica da qual nos falava C. Wrigth Mills. Esse desafio que nos interpela de forma visceral enquanto pesquisadores individuais, tem um peso ainda maior para associações científicas como a ANPOCS, que congrega uma gama muito variada de programas de pesquisa e de pós-graduação e que tem um longo histórico de lutas democráticas e anti-racistas.
Nesse sentido, a proposta de criação de um comitê de assessoramento capaz de contribuir com ações que visem dar visibilidade e relevo às discussões sobre racismo, anti-racismo e interseccionalidade no seio da ANPOCS é mais do que oportuna. Isso não poderia deixar de ser um momento em que a Associação reafirma o seu compromisso contra todas as formas de discriminações e preconceitos que atingem populações que são historicamente marcadas por estigmas étnico-raciais entre nós (negros, indígenas, quilombolas, etc.), como também uma oportunidade para fazer emergir no meio acadêmico temas em ebulição no seio da sociedade.
Composta por pesquisadores das diferentes áreas das ciências sociais, em momentos diversos de suas carreiras e trajetórias, além de oriundos de diferentes regiões do país, espera-se que essa comisssão posssa auxiliar a direção da ANPOCS a pensar os meios para dar respostas adequadas a todos esses dilemas.
Composição do Comitê:
Angela Lucia Silva Figueiredo (UFRB)
Antônio Sérgio Guimarães (USP)
Gersem José dos Santos Luciano (Gersem Baniwa) (UFAM)
Luiz Augusto Campos (IESP-UERJ)
Maria Nilza da Silva (UEL)
Viviane Gonçalves Freitas (UFMG)
(Foto: IEA-USP)
As cidades brasileiras perderam hoje Lúcio Kowarick, um dos mais argutos pioneiros da sociologia urbana brasileira. Guardamos ainda o exemplar, surrado e colado, de A espoliação urbana comprado em sebo na Rua da Carioca no Rio de Janeiro em 1989, e nas bancas dos livreiros do vão do prédio da história, no campus da USP, em meados dos anos 1990. Assim como nós, muitos pesquisadores e ativistas do urbano e seus atores coletivos fomos profundamente impactados por ele.
Seu olhar sobre a cidade foi informado por uma compreensão ampla dos processos sociais de produção das desigualdades e da posição dos grupos subalternos nessa produção, como mostrado no clássico da sociologia, Trabalho e Vadiagem, publicado dois anos antes (1987). Para aqueles que tiveram a fortuna de ser seus alunos e/ou orientandos, esse olhar cuidadoso para os processos lidos à busca das chaves explicativas da desigualdade foi profundamente formativo.
Lúcio entrou na Universidade de São Paulo em 1970 e se aposentou no Departamento de Ciência Política da USP em 2008, que por duas vezes chefiou. Doutorou-se em 1973 com trabalho marcado por destacado rigor conceitual pelos cânones da época, publicado posteriormente como o livro Capitalismo e marginalidade na América Latina, em 1975. Essas primeiras explorações sobre o caráter periférico de nosso capitalismo desdobraram-se em uma mirada arguta sobre a nossa formação social e nossos padrões de urbanização. Essa contribuição já estava muito presente no histórico São Paulo 1975: crescimento e pobreza, produzido coletivamente no Cebrap. O livro contou com financiamento da Arquidiocese metropolitana de São Paulo e teve desdobramentos não apenas intelectuais como políticos, gerando inclusive um atentado à bomba na sede do Centro.
A contribuição autoral de Lúcio sobre o urbano, entretanto, se evidenciou de modo mais pleno em A Espoliação Urbana de 1979. Em nossa opinião, é individualmente o mais importante livro do início de nossos estudos urbanos, conectando com sutil elegância explicativa formas de produção do espaço periférico a padrões de acumulação, sobre o onipresente pano de fundo do regime militar. Ao longo das décadas que se seguiram, o campo do urbano foi fortemente influenciado por suas contribuições sobre pobreza, precariedade habitacional, movimentos socias urbanos, periferias, e as vulneráveis vidas de seus moradores, elaboradas tanto no DCP da USP quanto no Cedec. De Conflitos Sociais e a Cidade a Viver em Risco, passando por Escritos Urbanos, sua obra se disseminou pela América Latina e influenciou gerações de analistas e ativistas das cidades. Seu olhar foi sempre permeado por delicada sensibilidade sociológica associada a profundas e sinceras preocupações com as (duráveis) desigualdades que marcam nossa sociedade e nossos espaços, como mostrado, mais uma vez, pelo seu interesse no estudo da sub-cidadania nos últimos anos de sua carreira como pesquisador. Pensamento essencial nos dias que correm, e que fica conosco através de seus muitos escritos urbanos.
Eduardo Marques
Adrian Gurza Lavalle
Segunda feria 24 de agosto de2020.
Terminada a primeira temporada do SBS Convida: Sociologia na pandemia com 10 episódios que reuniram 22 sociólogos e sociólogas de 15 instituições diferentes e de todas as regiões do país. Debatendo temas como violência, racismo, gênero, crise ambiental, renda básica, proteção social, desigualdades, religião e ciência, os episódios oferecem um panorama das respostas e contribuições a partir da Sociologia para a investigação dos efeitos da pandemia do Covid-19.
Todos os episódios podem ser visto via SBS TV no canal no YouTube [https://bityli.com/PpeO8], ou no Spotify [https://bityli.com/HWk4c], Google Podcast [https://bityli.com/0ypvH], Apple Podcast [https://bityli.com/2fQlJ]
A segunda temporada volta no final de julho, convidando mais colegas para conversarem sobre os temas e problemas da sociedade brasileira.
Caras e caros colegas,
Convidamos todes para o evento bilíngue "Reações religiosas à COVID-19 na América Latina", nos dias 30/06 a 02/07. Ouviremos relatos de noves países diferentes em torno de três eixos de análise que orientarão as apresentações:
a) a reinvenção das práticas religiosas decorrente da virtualidade, da mediação tecnológica e do isolamento corporal;
b) os sentidos e as moralidades religiosos em torno do novo coronavírus;
c) as controvérsias públicas envolvendo religião e pandemia.
Acompanhe a programação.
O evento será transmitido em: https://www.facebook.com/LARunicamp/
Está disponível aqui o questionário da pesquisa “O impacto da pandemia nas rotinas de trabalho acadêmico nas Ciências Sociais”, que tem como objetivo obter informações sobre as consequências da pandemia de Covid-19 na organização da vida acadêmica e familiar de cientistas sociais.
O convite para participar do levantamento é direcionado a toda comunidade acadêmica de cientistas sociais. O formulário é objetivo, com preenchimento estimado em cerca de 10 minutos. As(os) respondentes devem ter, no mínimo, a graduação completa.
O estudo é coordenado pela Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), em parceria com Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI) e Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS).
O objetivo da pesquisa é produzir um relatório e disponibilizar abertamente os dados, para que a comunidade científica possa debater os efeitos da conjuntura para a rotina de trabalho das(os) cientistas sociais na academia, refletir sobre os sistemas de avaliação de produtividade e subsidiar a formulação de políticas públicas para enfrentar os desdobramentos desta crise junto às agências de fomento.
O anonimato de respondentes será preservado durante todas as etapas da pesquisa e na sua divulgação.
A SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência realizou duas etapas de consultas às sociedades científicas para a escolha de nomes para compor as listas tríplices para o Conselho Deliberativo do CNPq nas grandes áreas de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias; Biológicas e da Vida e Humanas e Sociais.
Cinco listas tríplices resultantes foram encaminhadas dia 04/06/2020 ao presidente do CNPq com a informação do número de indicações recebidas em cada nome, que as submeterá ao Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações a quem compete a escolha final dos novos membros do CD do CNPq
O Conselho Deliberativo é o órgão máximo de deliberação do CNPq e é composto por representantes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), das comunidades científicas – como a SBPC e a Academia de Ciências Brasileira -, da comunidade tecnológica e empresarial e dos servidores do CNPq.
O processo de escolha das listas contou com uma etapa inicial onde 70 entidades científicas (de um total de 149) enviaram indicação de nomes, sendo 27 da área de Ciências Biológicas e da Saúde, 28 da área de Ciências Humanas e Sociais e 15 da área de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias. Num segundo momento, 93 sociedades científicas participaram do processo final de indicação das listas tríplices.
A Presidenta da ANPOCS – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, e Professora Titular do Departamento de Antropologia na Universidade Federal de Santa Catarina, Miriam Grossi, foi a mais votada nas duas etapas na área de Ciências Humanas e Sociais e, portanto, encabeça uma das duas listas tríplices da área. A outra lista será encabeçada pelo Professor de Teoria Literária da Universidade Estadual de Londrina e atual presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL), Frederico Garcia Fernandes.
A Profa. Miriam ressalta que "o resultado da eleição reflete a sólida articulação das Ciências Sociais, que atuam no grupo A4 (ABA, ABCP, SBS e ANPOCS) e das áreas de Humanidades organizadas em torno do Fórum de Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas, Letras e Artes (FCHSSALA) na luta pela defesa e valorização destas áreas no campo das políticas de ciência e tecnologia. Neste momento de desmonte das políticas cientificas, de exclusão de nossas áreas de editais e da importância de politicas sociais de enfrentamento à pandemia do Covid 19, nossa atuação se configura como extremamente importante e pertinente."
As listas da área de Ciências Humanas e Sociais encaminhadas ao CNPq são as seguintes:
Lista 1:
MIRIAM PILLAR GROSSI (45 votos)
Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Antropologia, Universidade Federal de Santa Catarina, (UFSC)
DALILA ANDRADE OLIVEIRA (35 votos)
Faculdade de Educação, Departamento de Administração Escolar da Univ. Fed. Minas Gerais (UFMG)
ANTÔNIO THOMAZ JUNIOR (19 votos)
Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
Lista 2:
FREDERICO GARCIA FERNANDES (37 votos)
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
MARCOS SEVERINO NOBRE (24 votos)
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Filosofia, Univ. Est. Campinas (UNICAMP)
ROSELI APARECIDA FIGARO PAULINO (17 votos)
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP)
Caros(as) Colegas.
Esperamos que estejam bem, na medida do que estes tempos tão difíceis nos possibilitam.
Durante o mês de maio, nós da diretoria, da secretaria e de algumas comissões da ANPOCS, juntamente com o comitê acadêmico e os membros da CARE (Comissão de Apoio à Realização do Encontro), trabalhamos intensamente avaliando as condições para a realização, ainda este ano, do 44o Encontro Anual.
Diante da forte tendência de, até o final de dezembro, atividades presenciais não serem retomadas nas universidades e de serem indicadas viagens apenas imprescindíveis, decidimos que o 44o Encontro será totalmente virtual e acontecerá entre 1º e 15 de dezembro.
Estamos cientes de que migrar um Encontro do porte do da ANPOCS para o formato virtual representa um grande desafio para quem o organiza, quem dele participará e para as empresas prestadoras de serviços.
Já está claro que não se trata de reproduzir, virtualmente, o que foi, até agora, o evento presencial. Serão necessárias várias adaptações na dinâmica, quantidade e distribuição de atividades, por isso a expansão do período do Encontro para 15 dias e o nosso atual empenho em ajustar os editais em curso, os que ainda serão lançados e em elaborar uma nova tabela de valores para as inscrições.
No momento, estamos trabalhando nesses complexos arranjos e, o quanto antes, os tornaremos públicos e daremos a todos(as) o devido tempo para confirmarem suas participações e atraírem novos(as) interessados(as).
O que, por ora, podemos garantir, é que seguiremos fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para que o 44o Encontro Anual da ANPOCS seja de alta qualidade, dinâmico e atrativo.
A ANPOCS, mais do que nunca, precisa do apoio de todos os programas de pós-graduação filiados, de novos parceiros e de todos(as) que, a cada ano, ao participarem dos Encontros, reconhecem-na como um dos principais espaços político-acadêmicos agregadores das ciências sociais brasileiras, o que, nos tempos atuais, demanda firme engajamento.
Agradecemos a compreensão e o apoio e, em breve, entraremos novamente em contato.
Muito cordialmente.
Diretoria da ANPOCS e Comitê Acadêmico.
Prezadas(os) Colegas.
Como é do conhecimento de todos(as), a secretaria física da ANPOCS se situa no Conjunto Didático de Filosofia e Ciências Sociais da FFLCH-USP.
A partir de amanhã, 17/03/2020, por determinação do governador do estado de SP, estarão suspensas várias atividades presenciais em estabelecimentos públicos de ensino, inclusive na USP, de modo que:
1) o Assistente Acadêmico Berto de Carvalho passará a trabalhar em casa e atenderá apenas pelo e-mail berto@anpocs.org.br
2) o Gerente Administrativo e Financeiro Bruno Ranieri, por enquanto, comparecerá à secretaria, mas chegará e sairá de modo a evitar os horários de pico no transporte público. Ele trabalhará a portas fechadas, sendo melhor contatá-lo pelo e-mail bruno@anpocs.org.br
ANPOCS. Gestão 2019-2020
São Paulo, 13 de março de 2020.
Caras(os) Colegas dos Programas filiadas(os) à ANPOCS
Neste início de mais um ano acadêmico e do segundo de nossa gestão, compartilhamos uma síntese das atividades que já realizamos, dos principais desafios que enfrentamos em 2019 e de nossas propostas para 2020.
Iniciamos nossa gestão em 1º de janeiro de 2019, em um momento de muitas incertezas políticas e acadêmicas e, apesar de crescentes dificuldades, demos continuidade às ações em que a identidade da ANPOCS se alicerçou nas últimas décadas: o Encontro Anual, as publicações e os concursos.
Publicado em 27/01/2020.
O IAB comemorou 100 anos de sua criação, com uma solenidade no Museu de Belas-Artes no Rio de Janeiro, em 26 de janeiro passado, para a qual convidou a presidente da Anpocs.
Após a mesa de abertura, com a participação de antigos e atuais dirigentes da associação e representantes de entidades congêneres de alguns países, seguiu-se um rápido recital de piano com músicas de compositores brasileiros que cursaram arquitetura - Tom Jobim, Chico Buarque, Braguinha.
Logo após foi inaugurada uma exposição sobre a trajetória do Instituto, destacando as iniciativas coletivas, a contribuição da arquitetura e do urbanismo para a modernidade e a participação dos arquitetos em diversos movimentos contra o autoritarismo e pela democracia em nosso país.
A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), A Associação Nacional de Pesquisa em História (ANPUH), Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Linguistica (ANPOLL), Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP) manifestam seu repúdio ao vídeo postado em 16 de janeiro pelo secretário de Cultura, Roberto Alvim.
Com referências explícitas ao nazismo e, especificamente, ao ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, o vídeo apresenta o Prêmio Nacional das Artes numa retórica que não deixa dúvidas: trata-se da aclamação à ideologia de um regime cujos crimes contra a Humanidade ainda hoje horrorizam qualquer pessoa que preze pela vida humana.
A produção cultural de um país é relevante pela sua relação com a vivacidade da população em um espaço nacional, assim como com o contexto internacional em que se inscreve. E isso não se adequa a qualquer dirigismo político. O autoritarismo produz propaganda. Já as sociedades diversas, complexas, nas quais artistas produzem com liberdade de expressão e apoio à arte, produzem o enorme leque de manifestações reconhecidas como parte da cultura nacional.
Estamos diante de um episódio de enorme gravidade. O secretário de Cultura Roberto Alvim deve ser demitido imediatamente. Sua manutenção no governo será a clara sinalização de que o presidente da República se une a ele no elogio ao nazismo e a uma forma claramente autoritária de nacionalismo. E isso é inaceitável.
É com profunda tristeza que a ANPOCS anuncia o falecimento da Profa. Alba Zaluar, docente do Programa de Pós-graduação em Sociologia do IESP/UERJ de 2012 a 2019 e atualmente pesquisadora associada do Instituto. Participante ativa dos Encontros Anuais da ANPOCS, Alba foi uma das mais importantes referências da sociologia e da antropologia urbana e da violência no Brasil.
O velório ocorrerá amanhã (20/12) na Capela 6 do Cemitério São João Batista, às 10h, e o sepultamento às 13h.
A ANPOCS manifesta seus profundos sentimentos a seus familiares.
Salvaguardar o Iphan é investir no Brasil: alerta ao povo brasileiro em defesa do nosso país
As entidades abaixo subscritas denunciam, por meio deste, o processo de desmonte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em curso desde 2016 e agravado hoje com um brutal corte orçamentário, com a nomeação de pessoal desqualificado para suas superintendências regionais e um cenário de incertezas sobre o perfil do futuro dirigente da autarquia.
Há mais de oito décadas, o Iphan se manteve como o carro chefe da política de Patrimônio Cultural em nosso país. O Instituto não apenas trabalhou continuadamente em todos os momentos na construção de nossa ideia de nação. Por meio das políticas de preservação, o Instituto dinamiza a economia das áreas em que atua, resgatando cidades históricas do ostracismo, diversificando e qualificando as atividades produtivas envolvidas na conservação dos bens tombados, preservando e difundindo nossos saberes e fazeres, criando atrativos e fomentando o turismo.
O projeto de desmonte do Iphan é subordinado ao projeto de destruição das políticas culturais de conjunto. Tal ataque às nossas instituições veio à tona em maio de 2016 quando se tentou extinguir o Ministério da Cultura e o próprio Iphan, por meio da criação de uma Secretaria de Patrimônio paralela. Na ocasião, a sociedade civil, por meio de suas organizações, se mobilizou contra o golpe, em defesa de nossa Cultura e do Patrimônio Nacional, obtendo uma vitória parcial.
Publicado em 29/11/2019
O Livro "Uma História da Desigualdade: a Concentração de Renda entre os Ricos no Brasil – 1926-2013", de Pedro Herculano Guimarães Ferreira de Souza, coeditado pela ANPOCS, em parceria com a Editora Hucitec, vencedor do Concurso de Teses da ANPOCS de 2017, recebeu nesta quinta-feira (28), em São Paulo, o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de 2019 na categoria Humanidades.
A publicação é baseada na tese de doutorado de Pedro Herculano, defendida em 2016, que já foi premiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em 2017, e considerada a melhor tese de ciências Sociais pela ANPOCS no mesmo ano.
Caxambu-MG, 22 de outubro de 2019
Relatório do Fórum de Graduação – ANPOCS, realizado durante o 43º Encontro Anual.
Reuniões Especiais
RE02 - Reunião de Coordenadoras e Coordenadores e Docentes de Cursos de Graduação em Ciências Sociais - Fórum de Graduação em Ciências Sociais ANPOCS
Coordenadores: Teresa Cristina Schneider Marques (PUC-RS) e Elias Evangelista Gomes (UNIFAL-MG)
Local: Hotel Glória, sala 08
Horário: 13:00 às 14:30
A reunião teve início com a apresentação das/dos participantes do Fórum e sobre os desafios do contexto atual para os cursos de graduação em Ciências Sociais distribuídos pelo país. A professora Teresa Marques (PUC-RS) destacou os dados do Ranking Universitário Folha, que evidenciou uma queda de ingressantes no curso desde 2014. O professor Elias Evangelista Gomes (UNIFAL-MG) também se apresentou e sugeriu que todas/os se apresentassem e trouxessem panoramas de seus respectivos cursos, destacando os desafios e as potencialidades. Em seus relatos, as/os coordenadoras/es destacaram: a reforma curricular da licenciatura; as dificuldades na curricularização da extensão, por meio de projetos e programas de extensão no bacharelado e na licenciatura; as especificações e a separação dos currículos da licenciatura e do bacharelado; os dilemas da empregabilidade e do mercado de trabalho para as/os egressas/os da graduação; as estratégias de divulgação dos cursos; o enfrentamento da evasão, o acompanhamento dos egressos e a conexão e desconexão entre graduação e pós-graduação.
Publicado em 27/10/2019
por Marta Arretche (Departamento de Ciência Política/USP),
Wanderley Guilherme se foi. Mas foi só fisicamente. Parafraseando Isaac Newton, não há dúvidas de que, se as ciências sociais brasileiras “viram mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. Wanderley foi um deles. Sua obra e seu incomensurável legado permanecem. Deitaram raízes no modo como exercemos nosso ofício.
Prever o golpe de 1964 foi um golaço. Mas, creio que os ombros sobre os quais nos apoiamos estão em uma atitude intelectual que formou gerações. Consistiu em um combate sem tréguas ao "complexo de viralata", que Nina Rodrigues, Oliveira Viana e até mesmo Monteiro Lobato inscreveram nas interpretações sobre o Brasil. Sua solução, contudo, foi diferente da encontrada por Gilberto Freyre, que converteu o vício em virtude, ao afirmar nossa superioridade.
Diferentemente, Wanderley nos ensinou a comparar de maneira sistemática e absolutamente rigorosa as evidências acerca do comportamento de um fenômeno de interesse no Brasil com o resto do mundo. Depreendo da leitura de seus trabalhos que evitar o determinismo biológico de Rousseau era uma de suas cismas. Para isto, cada artigo, cada capítulo revelava um trabalho de ourives sobre conceitos e sua operacionalização.
Wanderley produziu interpretações que se anteciparam à agenda comparada internacional. Quando publicou Cidadania e Justiça em 1979, a agenda sobre o welfare state ainda se debatia entre variantes do marxismo ou da teoria da modernização. Nos anos 70, a grande questão era investigar se a política disciplinaria os imperativos da acumulação capitalista (para uns) ou industrial (para outros). Esping-andersen só viria a publicar o trabalho mais influente sobre o tema em 1985, Politics against Markets. Mas a recusa de adotar o gasto como categoria de análise em favor das regras de titularidade das políticas bem como a interpretação de que estas últimas eram respostas a conflitos políticos de grande envergadura — parte da contribuição original de Esping-andersen — já estavam presentes em Cidadania e Justiça.
Wanderley recusou sistematicamente a separação entre teoria normativa e teoria positiva. Sua defesa da teoria alencariana da democracia proporcional, em O Cálculo do Conflito, mostra que esta separação não se justifica. Todo teórico normativo está motivado por uma crítica a práticas correntes. Portanto, toda teoria normativa se apoia em alguma avaliação positiva do mundo presente. Por outro lado, nenhuma análise positiva está isenta de orientações normativas. A seleção de temas nos estudos empíricos não está isenta de preferências sobre estados desejáveis de vida social. Em O Ex-Leviatã Brasileiro, Wanderley nos mostrou exaustivamente (como era seu estilo) como o conceito de tamanho desejável do Estado, quando medido pelo tamanho da burocracia, está ele mesmo impregnado por uma visão sobre o que o Estado deve fazer.
Wanderley produziu trabalhos cuja relevância ainda não foi devidamente incorporada ao repertório das ciências sociais. Em Justiça federativa e renovação no parlamento brasileiro, publicado no Cálculo do Conflito, introduziu o princípio da justiça federativa sob a ótica normativa dos riscos da tirania da maioria sobre a minoria. Mostrou que o estudo do impacto das instituições quase sempre se limitou a comparar seus efeitos sobre a representação partidária, mas ignorou que estas também afetam a distribuição de poder parlamentar entre regiões. Advogou que a proteção das minorias regionais é moralmente tão desejável quanto a proteção de minorias de indivíduos. Para tanto, introduziu categorias analíticas para mensurar a representação das regiões nas arenas decisórias nacionais.
Wanderley fará muita falta. Mas teremos que nos acostumar. Ficam seus livros, seus artigos, seus vídeos, suas colunas de jornal, expressão de sua incansável dedicação ao estudo das diversas dimensões do funcionamento da democracia. Nossa alegria é que sempre poderemos ler, ouvir, rever à vontade.
Publicado em 26/10/2019
É com grande tristeza que a ANPOCS anuncia o falecimento do Prof. Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político, professor aposentado da UFRJ e fundador do IUPERJ.
Wanderley foi presidente da ANPOCS no biênio 1983-1984.
Confira abaixo a participação do professor na "Conversa com o autor", realizada no 30º Encontro da ANPOCS, em 2006:
Parte 01
https://www.youtube.com/watch?v=DbEgZey4Mdg
Parte 02
https://www.youtube.com/watch?v=0kZYa9TIpMI
Parte 03
https://www.youtube.com/watch?v=Eu_9kfdgNL8
Parte 04
https://www.youtube.com/watch?v=r2HZ4oMKkKw
Publicado em 09/08/2019
CEM desenvolve plataforma que traz indicadores inéditos da Região Metropolitana de São Paulo
ReSolution foi desenvolvido em associação com parceiros brasileiros e com centro de pesquisa de Londres. Entre as informações, traz dados sobre segregação e acessibilidade.
Verificar dinamicamente em mapas e gráficos interativos os números absolutos e relativos sobre como se distribuem distintos grupos populacionais na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), se tornou possível para qualquer um a partir do projeto ReSolution. Trata-se de uma inovação produzida pelos pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) em parceria com pesquisadores internacionais. A plataforma acaba de ser lançada, junto com o novo site da instituição, e pode ser consultada em http://200.144.244.157:8000/resolution/.
A ANPOCS se solidariza com a OAB e com todos(as) que repudiam o desrespeito e a crueldade perpetrados pelo presidente da república (em minúsculas mesmo) à memória daqueles que perderam suas vidas lutando contra a ditadura militar.
Esse senhor, que já elogiou publicamente dois dos piores torturadores dos regimes militares da América Latina, desonra mais uma vez o cargo que ocupa ao violar princípios basilares da Constituição Federal, pautada nos Direitos Humanos.
Postado em 26/07/2019
Para o cientista político Leonardo Avritzer (UFMG), democracia brasileira não é um fracasso, porém observa-se rápida regressão. Segundo ele, sempre existiram nas instituições brasileiras "alavancas antidemocráticas", agora em movimento. Cientistas políticos, sociólogos e antropólogos devem, em sua avaliação, estudar estes movimentos para compreender a "linha de inversão" da trilha democrática e os três instrumentos que funcionam como "mecanismos de ruptura democrática" latentes no interior do próprio sistema político brasileiro - o dispositivo do impeachment, a atuação dos militares e do Poder Judiciário. Análise realizada na conferência "A crise da democracia no Brasil", proferida no âmbito da 71ª Reunião Anual da SBPC, em Campo Grande (MS).
Leia mais no Jornal da Ciência.
Postado em 19/07/2019
ANPOCS - Nota de Repúdio à Intervenção do MEC na UNILAB
No dia 09 de julho de 2019, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) abriu processo seletivo especial para o provimento de 120 vagas por pessoas transexuais, travestis, intersexos ou não-binárias. Pouco após a divulgação da abertura do Edital, o presidente Jair Bolsonaro publicou em seu perfil oficial do Twitter a informação de que o Ministério da Educação realizara uma “intervenção” e forçara a Reitoria da Universidade a interromper e anular o processo seletivo. Sabendo que a CF/88 assegura o princípio da autonomia universitária plena, que garante, por sua vez, que independentemente dos governos, haverá liberdade para o ensino e a produção de conhecimento e ainda que a legislação sobre as autarquias federais, garante às IFES autonomia financeira, administrativa e didático-científica, a ANPOCS vem a público manifestar o seu repúdio às iniciativas do governo contra a independência acadêmico-administrativa da UNILAB.
Postado em 10/07/2019
Morreu hoje, aos 86 anos, o sociólogo Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira, conhecido como Chico de Oliveira, doutor por notório saber pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores.
Ao lado de Celso Furtado trabalhou incansavelmente pelo desenvolvimento do Nordeste brasileiro.
A ANPOCS lamenta profundamente a morte desse importante intelectual, autor de trabalhos seminais no campo da sociologia política.
O velório será hoje, 10/07, a partir das 17h, no Salão Nobre da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP: Rua do Lago, 717, Cidade Universitária, São Paulo, SP.
Postado em: 05/06/2019
Confira Carta enviada por entidades da área de CT&I ao Ministro Marcos Pontes sobre a questão do FNDCT/FINEP e resultado da votação no Congresso.
___________________
São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, 21 de maio de 2019.
Excelentíssimo Senhor
Ministro MARCOS CESAR PONTES
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC)
Brasília, DF.
Senhor Ministro,
As entidades abaixo relacionadas, representativas da comunidade científica e tecnológica, trazem à V.Ex.ª algumas considerações e uma solicitação relativa à proposta recentemente aprovada na Medida Provisória 870/2019, pela Comissão Mista, e que se refere à governança do FNDCT. O Art. 76-A desta MP estabelece: «A Lei nº 11.540, de 12 de novembro de 2007, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 7º O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações exercerá as atribuições de Secretaria-Executiva do FNDCT. Parágrafo único. Ato do Poder Executivo estabelecerá as condições de Governança do FNDCT.” Outra alteração ocorre no Inciso IX do Art. 85, que revoga os artigos 8° e 9° da Lei n° 11.540/2007, que tratam da cobertura dos custos de operação da Finep e suas atribuições de gerência do FNDCT.
Postado em: 16/05/2019
A Boitempo prepara o lançamento do novo título da coleção Tinta Vermelha. Educação contra Barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar conta com prólogo de Fernando Haddad, texto de capa de Mário Sergio Cortella e ensaios de pensadores como bell hooks, Sônia Guajajara e Daniel Cara. A coletânea é organizada por Fernando Cássio, especialista em políticas públicas de educação, e trata de temas como revisionismo histórico, experiências de educação popular, financiamento do ensino público, dilemas da educação a distância e a tão polêmica ‘ideologia de gênero’.
Contrapondo-se ao discurso sobre educação pautado apenas por indicadores, rankings e eficiência, a Boitempo lança Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar. Fernando Cássio, organizador da obra e especialista em políticas públicas de educação, convidou mais de vinte autores para propor um debate franco e corajoso sobre as principais ameaças à educação pública, gratuita e para todas e todos: o discurso empresarial, focado em atender seus próprios interesses; a perseguição à atividade docente e à auto-organização dos estudantes; e o conservadorismo que ameaça o caráter laico, livre e científico do ambiente escolar.
Neste novo volume da coleção Tinta Vermelha, selo que busca provocar reflexões sobre assuntos atuais, temas como revisionismo histórico, experiências de educação popular, financiamento do ensino público, dilemas da educação a distância e a polêmica ideologia de gênero são abordados com rigor teórico e linguagem acessível. A obra conta com prólogo de Fernando Haddad e quarta capa de Mario Sergio Cortella.
Foto: Raíssa César / UFMG
“É fundamental continuarmos a intervir, enquanto cientistas, nos debates públicos que envolvem nossas áreas de conhecimento, mostrando o papel central da ciência brasileira no desenvolvimento nacional”, diz Miriam Grossi, presidente da ANPOCS, em entrevista ao Jornal da Ciência.
A recuperação do orçamento público para a área de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) será o tema central do movimento #cienciaocupabrasilia, marcado para os dias 8 e 9 de maio na capital federal. Promovido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em articulação com diversas entidades científicas e acadêmicas nacionais, o evento reunirá instituições de pesquisa, universidades, cientistas, professores, pesquisadores e estudantes de todo o Brasil para chamar a atenção do governo e toda a sociedade para a grave situação do setor e as sérias consequências para o desenvolvimento social e econômico do País.
O Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC) acaba de lançar um novo espaço de reflexões: o blog “Boletim Lua Nova”.
Há 35 anos, ainda durante a redemocratização do país, o CEDEC foi responsável pela fundação da Revista “Lua Nova” e inaugura agora o Boletim com o intuito de reunir novos formatos de análise reflexiva de jovens pesquisadores e docentes.
O “Boletim Lua Nova” conta com colunas temáticas que refletirão semanalmente sobre temas-chave da situação social e política contemporânea, além de entrevistas, resenhas e relatos de eventos.
Para mais informações acesse o site (https://boletimluanova.org/) e a página do facebook (https://boletimluanova.org/).
O Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Superior (LEPES) lançou recentemente seu primeiro livro digital intitulado “Educação superior no Brasil contemporâneo: estudos sobre acesso, democratização e desigualdade”. A obra foi organizado pela Prof. Dra. Rosana Heringer da UFRJ, e reúne artigos produzidos pelos membros do laboratório e pesquisadores colaboradores por ocasião da realização do I Seminário do LEPES, realizado em novembro de 2017.
Os artigos discutem o processo de expansão do sistema de ensino superior brasileiro nas últimas décadas e as políticas públicas de democratização do acesso, visando contribuir e estimular esse debate no campo da Sociologia da Educação Superior.
Para fazer o download do e-bool, clique aqui.
Ensaios inéditos sobre a história, a arqueologia e o genocídio indígena expõem a luta pelo direito, pela justiça e pela preservação da memória dos Povos da Floresta.
Índios no Brasil – Vida, Cultura e Morte, organizado pelas historiadoras Maria Luiza Tucci Carneiro e Mirian Silva Rossi, reúne quinze artigos inéditos escritos por especialistas na temática indígena que abordam uma história marcada por violência, violações, atos genocidas, interesses desenvolvimentistas e predatórios e, principalmente, pela preservação de um modo de vida diverso e singular.
O cebrap.lab está de volta neste semestre. A iniciativa, coordenada por Maria Carolina Oliveira e Monise Picanço, tem o objetivo de difundir conhecimento analítico através de um programa de cursos aplicados de métodos, técnicas e ferramentas de pesquisa em Ciências Sociais. O cebrap.lab é destinado a pesquisadores que desejam atualizar seus conhecimentos, estudantes ou gestores públicos ou privados que lidam com pesquisa ou análise de informação.
Os cursos são pensados como laboratórios, com foco em grupos pequenos de participantes, possibilitando uma entrada prática no tema ou ferramenta em questão, contemplado exercícios práticos e experimentações. Os laboratórios são ministrados por pesquisadores que utilizam empiricamente a ferramenta em questão em suas pesquisas. Além de aspectos operacionais relacionados ao uso das técnicas, cada laboratório também envolve uma discussão introdutória sobre o método ou ferramenta, seus pontos fortes e limitações e os casos de pesquisa para os quais eles são mais adequados.
No primeiro semestre de 2019, serão oferecidos:
[11 a 15 de março] Análise de dados qualitativos utilizando Atlas.ti [20 horas], por Monise Picanço
[8 a 12 de abril] Etnografia: explorando múltiplos fazeres etnográficos [20 horas] por Priscila Vieira
[6 a 10 de maio] Introdução e ferramentas para análises quantitativas utilizando SPSS [20 horas] por Victor Calil e Daniela Costanzo
[3 a 7 de junho] Análise de redes sociais utilizando Pajek [20 horas] por Rafael de Souza
Para saber mais, acesse o site do CEBRAP.
Voltada especialmente para a comunidade acadêmica, uma nova ferramenta de busca lançada pela Google promete facilitar o acesso de pesquisadores a conjuntos de dados científicos que atualmente estão pulverizados em milhares de repositórios online mantidos por instituições de pesquisa.
Lançada em setembro, a ferramenta, chamada Dataset Search, ajuda pesquisadores a encontrar facilmente os dados completos de estudos disponíveis em repositórios dos mais variados tipos – como sites de editoras, agências governamentais e instituições de pesquisa, em bibliotecas digitais e em páginas pessoais de cientistas, por exemplo.
A empresa já havia lançado um serviço voltado para a comunidade científica, o Google Scholar – em português Google Acadêmico –, que é uma ferramenta de busca de artigos e relatórios de pesquisa. Havia demanda, porém, para um sistema de busca específico para dados, já que, segundo a empresa, “no mundo atual, cientistas de muitas disciplinas e um número crescente de jornalistas vivem e respiram dados” e eles estão dispersos na internet.
A política no sentido clássico do termo refere-se à condição humana para além das necessidades materiais. O espaço público – a ágora – é o lugar da liberdade, da igualdade e da infinitude. Ao contrário, a casa – o oikos – é o lugar da necessidade, é onde se desenrolam os fatos materiais inerentes à nossa finitude: o trabalho e a fadiga do corpo, a reprodução, a saúde e a morte.
A biopolítica coloca no coração da política aquilo que usualmente está nos seus limites: o corpo e a vida. Vista assim, a biopolítica reintroduz o outro excluído da política. Como diz Thomas Lemke, nem a política nem a vida são aquilo que eram antes do advento da biopolítica.
As características dos seres humanos são agora medidas, observadas e compreendidas de modos que não se pensava antes. Lemke mostra como nossa compreensão dos processos da vida, da organização das populações e a necessidade de “governar” indivíduos e coletividades por meio de práticas de correção, exclusão, vigilância e disciplinamento.
Para saber mais, clique aqui
A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) convida todos e todas para a cerimônia de Posse de sua Diretoria (Gestão 2019-2020), eleita durante a 31ª Reunião Brasileira de Antropologia.
O evento acontecerá no dia 21 de janeiro, às 19h, no Auditório do Instituto de Ciências Sociais, Prédio do ICS/UnB, Campus Universitário Darcy Ribeiro - Asa Norte, Brasília - DF.
É necessário confirmar presença até dia 18/01 através do e-mail aba@abant.org.br
O Programa de Pós-Graduação em conjunto com o Departamento de Ciência Política da USP, convida a tod@s para o seminário "The Political Economy of the Passage of Tax Reforms in Latin America”, ministrado por Mark Hallerberg da Hertie School of Governance (Berlin)
Dia 30 de novembro, às 9h00, IRI - USP.
Quinze ensaios, um poema, uma trilha sonora e várias fotografias compõem este livro. Trata-se de uma contribuição sui generis para a história das ciências sociais no Brasil, que busca examinar criticamente as diferentes facetas da sociologia produzida por José de Souza Martins, um dos maiores sociólogos brasileiros em atividade, nos seus mais de cinquenta anos de carreira.
Por ângulos distintos, especialistas brasileiros e europeus em sociologia, antropologia, história, fotografia, literatura e música desvendam um modo único de pensar a vida social, que se destaca por valorizar as raízes do humano expressas em detalhes aparentemente menores do dia a dia de homens, mulheres e crianças no campo, na cidade e na fronteira, no centro e no subúrbio, na casa e na rua, na vigília e nos sonhos vividos no Brasil do passado e do presente – em busca de futuro.
O lançamento do livro acontece no dia 24 de novembro, das 11h às 14h, na Livraria da Vila - Alameda Lorena, 1731, Jardim Paulista, São Paulo - SP.
Interessado em fazer um doutorado ou pós-doutorado na Alemanha? Procurando por um programa adequado e oportunidades de financiamento? Pronto para dar o próximo passo em sua carreira?
Junte-se à equipe “Research in Germany” em 25 de outubro de 2018, das 12h às 13h30, no 42º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), em Caxambu, Brasil.
Este Seminário de Informação “Research in Germany” é a melhor oportunidade para estudantes, graduados e profissionais aprenderem sobre as muitas escolhas de uma carreira acadêmica (doutorado, pesquisador junior, pós-doutorado, cientista visitante entre outros) e possibilidades de cooperação científica na Alemanha. Durante o evento, representantes da Fundação Alemã de Pesquisa (DFG), do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) e da Fundação Alexander von Humboldt (AvH), bem como os cientistas Dr. Nicolas Wasser e Profa. Dra. Angela Alonso, darão um panorama da pesquisa alemã, esquemas de financiamento e oportunidades de colaboração.
Local: Sala 3, Hotel Glória, Av. Camilo Soares 590, Centro, Caxambu - Brazil
Prazo de inscrição: 24 de outubro de 2018 pelo site do DAAD.
A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) vem prestar sua total solidariedade aos docentes, pesquisadores, funcionários técnico-administrativos, aos estudantes e bolsistas que trabalham hoje e/ou trabalharam no Museu Nacional, e que se veem, abruptamente, sem seu lugar de trabalho. Também manifestamos nossa completa indignação e repúdio pela forma com que foi tratado o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro nos últimos anos. O fogo que se alastrou na noite do dia 02 de setembro destruiu completamente um patrimônio cultural incalculável de documentação histórica, antropológica, paleontológica e arqueológica, constituído desde a sua criação em 1818. Foram 200 anos de uma história que acompanha os tortuosos caminhos da nação brasileira. Dentre os diversos programas de pós graduação que o Museu Nacional/UFRJ abrigava, é preciso destacar a presença do primeiro programa de pós graduação em Antropologia Social do Brasil, o PPGAS, criado em 1968, tem importância destacada tanto para se entender a história da disciplina como das Ciências Sociais brasileiras, inclusive tendo uma trajetória comum com a ANPOCS, seja na participação de docentes e discentes em seus encontros anuais, seja na gestão de nossa associação científica, que teve diversos antropólogos como seus presidentes, diretores e membros de comissões. A tragédia que destruiu o Museu Nacional espelha prática e simbolicamente um país que vem desqualificando a sua ciência e educação. É uma perda irreparável que expõe concretamente o descaso político e a incúria frente à ciência, a cultura e a história de nosso país. Evidencia a frágil situação de nosso patrimônio cultural e histórico, sem contar a progressiva vulnerabilidade que atinge a pesquisa científica no presente momento no Brasil.
As instituições que assinam o presente documento, envolvidas nas diversas temáticas relacionadas aos Arquivos Públicos e às pesquisas acadêmicas implementadas nestes órgãos, e nos mais variados Programas de Pós-graduação e de graduação em Arquivologia, História, Ciências Sociais, Museologia, Conservação e Restauro, etc., vêm a público manifestar a preocupação com a atual situação do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ).
Em um momento fundamental da vida institucional brasileira e do interesse da sociedade perante os documentos públicos, a inclusão pela cidadania pactuada, o fomento à transparência, e a comprovação dos diretos que os Arquivos Públicos instituídos permitem, o CONARQ tem atuado de forma totalmente descaracterizada no que compete às suas atribuições legais.
Sem demonstrar organização e proposição estruturante de suas atividades, como a emissão de portarias e o respeito às decisões colegiadas, as Entidades que assinam a presente Nota sublinham a perda do protagonismo do Arquivo Nacional do Brasil, em sua missão de instituidor de políticas públicas formuladas e fomentadas pelo CONARQ.
A ausência de participação e articulação com a Associação Latino-Americana de Arquivos (ALA) e a Associação Internacional de Arquivos (ICA), conduziu o Arquivo Nacional do Brasil e o CONARQ a um distanciamento preocupante da agenda e dos debates travados nestes Fóruns internacionais.
A Arquivologia, há mais de uma década, tem demonstrado nas diversas reuniões e atividades acadêmicas um crescimento e um amadurecimento notável quanto as questões científicas. Por outro lado, percebemos e vivenciamos o enfraquecimento progressivo das instituições arquivísticas brasileiras.
Diante deste grave cenário político e institucional, destacamos os seguintes pontos:
Neste Debate CEDEM será abordada a intrínsica relação entre os militares e a vida política nacional. Os expositores irão mostrar diferentes correntes de pensamento e de posicionamento político que permeia as Forças Armadas do Brasil, ao tratar da presença dos militares, desde a constituição das Forças Armadas, tanto no interior dos partidos políticos à esquerda e à direita quanto em práticas ilegais cometidas nas ditaduras. A participação deles é patente também no desenvolvimento de pesquisas científicas e na efetivação de missões no campo humanitário ou da segurança, em âmbito nacional e internacional. Tal como as demais forças sociais, esse setor também toma parte e é influenciado pela dinâmica da luta de classes.
Expositores – Paulo Cunha e Coronel Sued Castro Lima
Mediador – Samuel Alves Soares
Praça da Sé, 108 – 1º andar
Centro, São Paulo – SP
22 de agosto de 2018 às 18h30
Para se inscrever, clique aqui.
Já estão abertas as inscrições para o fórum ‘Suicídio – Des/compassos da vida: números, atos e demandas’, que acontece em 8 de agosto no Centro de Convenções da Unicamp. O evento, organizado pelo NEPO [Núcleo de Estudos de População Elza Berquó] em parceria com o Cebrap, pretende promover o conhecimento e alimentar o debate sobre o suicídio no Brasil.
Período de inscrição: 05/07/2018 a 07/08/2018
Vagas: 840
Local: Auditório do Centro de Convenções da UNICAMP
Acaba de sair o dossiê "A arte que mora na cidade: Intervenções Artísticas Urbanas" da revista Fotocronografias, organizado Cornelia Eckert e Yuri Rosa Neves junto a equipe do Banco de Imagens e Efeitos Visuais (BIEV/PPGAS/UFRGS), coordenado por Ana Luiza Carvalho da Rocha e Cornelia Eckert. A revista apresenta ensaios fotográficos com autoria de Ágata Sequeira, Thay Petit, Ronaldo Corrêa, Romanus Dantas, Tempus Fugit, Fabricio Barreto entre outros. A edição da revista conta com o trabalho do corpo técnico de Felipe Rodrigues e Matheus Cervo.
Inserção internacional da Argentina e do Brasil: desafios da política externa e de defesa, organizado por André Luiz Reis da Silva e Eduardo Munhoz Svartman.
A inserção internacional da Argentina e do Brasil, seus interesses na integração, na cooperação regional e suas estratégias de segurança regional e defesa nacional são temas do livro. A obra é voltada para acadêmicos e profissionais das áreas de relações internacionais, ciências sociais e políticas, políticas públicas, administração pública e estudos de governo.
Às entidades científicas brasileiras
O sistemático desmonte da Educação e da Ciência nacional promovido pelo Governo Federal e o cada vez mais grave descaso do Governo de São Paulo com as instituições de ensino e pesquisa do Estado têm chocado o mundo e colocado em verdadeiro risco as várias funções das Universidades Públicas.
"A Coleção Diferenças é fruto da parceria entre o PPGAS/UFG e o CEGRAF, que visa a publicação de coletâneas, traduções, teses e dissertações dos docentes, discentes e pesquisadores não apenas do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFG, mas também de outros programas de pós-graduação que dialogam com as nossas linhas de pesquisa. Essa iniciativa pretende contribuir para a divulgação da produção antropológica contemporânea, desde o Centro-Oeste estendendo-se a outras regiões do Brasil, com a diversificação dos meios de publicação de etnografias, de investigações em diferentes campos de conhecimento antropológico e de traduções de textos clássicos e inovadores da reflexão antropológica".
As Ciências Sociais, e em especial a Antropologia, perdeu na manhã do dia 23 de maio, o antropólogo Sergio Figueiredo Ferretti. Ferretti, como conhecido, pesquisou religiões de matriz africana e manifestações da cultura popular, durante mais de 40 anos no Maranhão, formando muitas gerações de pesquisadores dedicados ao estudo de religiões diversas. Participou da fundação da Graduação e da Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFMA e ainda teve presença marcante em órgãos oficiais ligados à cultura no Maranhão. Muito conhecido nacional e internacionalmente pelos estudos que realizou ao lado de sua esposa, a antropóloga Mundicarmo Ferretti, deixa muita saudade entre seus colegas e alunos.
Maristela de Paula Andrade (UFMA)
Joseph-François-Pierre Sanchis, nasceu em Perpignan, França, em 16 de dezembro de 1928, falecendo em Belo Horizonte, Brasil, em 07 de maio de 2018. Formado em Teologia, na Universidade de Estrasburgo, em 1954, dedicou-se durante algum tempo ao estudo da literatura cristã dos primeiros cinco séculos. Seu Mémoire para obtenção do Diplome da então École Pratique des Hautes Études, Ve section (Sciences Économiques et Sociales) foi Liturgie en conserve et liturgie vivante: le cas de la Missa do Morro, Brésil, que trata das repercussões, na sociedade baiana, de uma mudança na expressão musical da liturgia católica. Brasil, relevante espaço de metamorfoses culturais, religiosas que ajudaram/ajudam a construir sua história. Depois de ter seguido, em 1971, o Curso Superior de Língua e Civilização da Universidade de Lisboa, realizou várias pesquisas em Portugal.
A ANPOCS convida a todos a apoiar a iniciativa da ANPOF, que solicita ao Senado a reinserção dos conteúdos curriculares de Filosofia e Sociologia como componentes obrigatórios do currículo do ensino médio com carga horária de 12 períodos distribuídos em três anos letivos.
Os componentes curriculares são fundamentais na formação humana de indivíduos politizados, autônomos e capazes de exercer a cidadania com consciência. A partir da Filosofia, o aluno estimula e desenvolve o pensamento crítico, enquanto que a Sociologia o ajuda a compreender o que é a cidadania.
"Desde seu início, em 2013, o projeto da BVPS mantém dois compromissos fundamentais que são a produção de conhecimento historicamente relevante, mas academicamente orientado, e o desenvolvimento de novos meios de sua divulgação para públicos mais amplos. Este post inaugura uma nova seção da BVPS dedicada a publicações acadêmicas de excelência disponíveis on-line com o livro “Elitismo, autonomia, populismo: os intelectuais na transição dos anos 1940” de Milton Lahuerta (UNESP). Para ter acesso completo ao livro na base Issuu, clique aqui.
Uma boa leitura a todos!
Equipe BVPS"
A ANPOCS divulga a nova página de Facebook (clique aqui ou na imagem para acessar) do Blog da Biblioteca Virtual do Pensamento Social.
A Biblioteca Virtual do Pensamento Social (BVPS) é uma iniciativa de cooperação entre pesquisadores e instituições acadêmicas com o objetivo de fortalecer e divulgar esta área de pesquisa. A partir da BVPS, procura-se cartografar, organizar e disponibilizar a produção intelectual sobre o pensamento social, isto é, as pesquisas dedicadas ao estudo das interpretações do Brasil em suas diferentes linguagens – intelectual, científica, artística -, e através de diferentes disciplinas – ciências sociais, história, literatura e artes -, envolvendo ainda comparações com outras sociedades.
“Theotonio foi um dos fundadores da chamada versão marxista da teoria da dependência, ao lado de Ruy Mauro Marini e de Vânia Bambirra.
Em suas obras destacou o caráter concentrador, desigual e superexplorador do capitalismo latino-americano. Assinalou que o desenvolvimento que nele ocorria não rompia com o subdesenvolvimento, mas o aprofundava sob novas formas. Apontou, por estas razões, a fragilidade das democracias latino-americanas que poderiam ser ameaçadas por formas autoritárias e fascistas para destruir os avanços sociais que ensejasse. Como base nisso, redefiniu as teorias do fascismo para analisar as suas variações históricas.
Juntado-se às homenagens feitas a Elide Rugai Bastos, no Dia Internacional da Mulher, Lucia Lippi Oliveira publica o texto que apresentou na Unicamp, em 2016, o qual, também pelo protagonismo da autora, vale ainda como memória da área do pensamento social. Clique aqui para acessar o post.
Em apoio ao Prof. Luís Felipe Miguel, Universidade de Brasília, Brasil, e em defesa da liberdade de cátedra na universidade pública!
Os professores e pesquisadores latino-americanistas e caribeanistas, integrantes da Associação Latino-Americana de Sociologia (ALAS), do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO) e da Rede Brasileira de Pesquisadores Latino-Americanistas e Caribeanistas (Rede BLAC), a seguir signatários, manifestamos nosso veemente repúdio às ameaças de censura por parte do governo federal e da mídia conservadora no país contra o cientista social e professor titular da UnB, Luís Felipe Miguel, como reação à decisão do mesmo em ministrar a disciplina “O Golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, no curso de graduação do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, DF-Brasil, no primeiro semestre letivo de 2018.
Norteados pelos valores, princípios e objetivos associativos e solidários que nos unem e nos mobilizam em nossas agendas nacionais e regionais, enfatizamos ser inadmissível o cerceamento da liberdade de reflexão e análise científica na prática docente na Universidade Pública, garantida pela Constituição Federal brasileira de 1988. O enfrentamento dos inúmeros desafios do pensamento crítico sobre a sociedade, a justiça e a democracia na América Latina no século XXI exige o respeito incondicional ao direito de expressão acadêmica e pública.
O professor-doutor Lorenzo Macagno, do Departamento de Antropologia da UFPR, acaba de obter uma importante conquista: lançou o livro “O dilema multicultural” em árabe. A obra foi exposta em Casablanca (Marrocos), no pavilhão Ibero-americano e no estande da editora da Universidade Mohamed V, durante o Salão Internacional da Edição e do Livro (SIEL).
Trata-se da tradução da mesma edição publicada em Português, em 2014, pela Editora UFPR, em coedição com GRAPHIA Editorial (Rio de Janeiro). A tradução foi possível graças ao trabalho de uma equipe multidisciplinar coordenada por Fatiha Benlabbah, diretora do Instituto de Estudos Hispano-Lusófonos (IEHL) da Universidade Mohamed V, Rabat – organização que exerce importante papel na promoção e na divulgação em árabe de obras de ciências sociais produzidas em países latino-americanos.
Distribuição em vários países
A obra será distribuída em vários países de língua árabe. A Embaixada Brasileira em Marrocos também receberá um exemplar. “É a primeira vez que um livro pulicado no Brasil desta importância é traduzido e publicado no Norte da África”, explica Fatiha.
A obra é significativa porque o multiculturalismo gerou longas discussões no campo das ciências sociais e humanas, ao longo dos últimos trinta anos. “O fato de um livro publicado no Brasil ter sido traduzido ao árabe – língua falada por mais de 400 milhões de pessoas – indica que, no campo científico, as relações “Sul-Sul” também podem render seus frutos”, avalia Macagno. Para o professor, o IEHL e a Universidade Mohamed V de Marrocos fazem jus a uma vocação cosmopolita e de ampliação dos horizontes na produção do conhecimento.
É com grande pesar que recebemos a notícia do falecimento de Oliveiros da Silva Ferreira aos 88 anos de idade.
Oliveiros Ferreira foi cientista político, escritor, historiador e professor no Departamento de Ciência Política da USP, onde ministrava aulas com ênfase em Relações Internacionais e Teoria Política, dedicando-se principalmente nos temas: Brasil, Política, Relações Internacionais, Ordem Mundial e Guerra. Atuou, recentemente, como professor no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC – SP.
A diretoria e todos os colaboradores da ANPOCS se solidarizam com a dor dos familiares, amigos e dos que com ele conviveram nas esferas profissional e pessoal, rendendo homenagens ao trabalho por ele realizado em toda sua carreira.
Foto de João Grinspun Ferraz
A Área de Ciência Política e Relações Internacionais/CAPES tem grande orgulho em informar que o Professor Rafael Villa, Coordenador-Adjunto Acadêmico da Área de Ciência Política e Relações Internacionais da CAPES, receberá da Força Aérea Brasileira (FAB) a medalha da Ordem do Mérito Aeronáutico (OMA) e o título de Comendador da Ordem.
A solenidade faz parte das comemorações do Dia do Aviador e do Dia da Força Aérea Brasileira e terá início as 10h da segunda-feira (23/10), na Base Aérea do Galeão (ALA 11), no Rio de Janeiro. A OMA é a maior comenda concedida pela Força Aérea Brasileira a militares e civis em reconhecimento aos serviços prestados à FAB e ao país.
A concessão da comenda foi promovida como reconhecimento pela contribuição da Área de Ciência Política e Relações Internacionais da CAPES para a integração das instituições militares ao sistema de pós-graduação.
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), profundamente consternada, comunica o trágico falecimento do Prof. Dr. Luiz Carlos Cancellier, Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, ocorrido na manhã desta segunda-feira. O sentimento de pesar compartilhado por todos/as os/as reitores/as das universidades públicas federais, neste momento, é acompanhado de absoluta indignação e inconformismo com o modo como foi tratado por autoridades públicas o Reitor Cancellier, ante um processo de apuração de atos administrativos, ainda em andamento e sem juízo formado. É inaceitável que pessoas de bem, investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal. É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um Estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular. É igualmente intolerável a campanha que os adversários das universidades públicas brasileiras hoje travam, desqualificando suas realizações e seus gestores, como justificativa para suprimir o direito dos cidadãos à educação pública e gratuita. Infelizmente, todos esses fatos se juntam na tragédia que hoje temos que enfrentar com a perda de um dirigente que por muitos anos serviu à causa pública. A ANDIFES manifesta a sua solidariedade aos familiares e amigos do Reitor Cancellier e continuará lutando pelo respeito devido às universidades públicas federais, patrimônio de toda a sociedade brasileira.
Brasília, 02 de outubro de 2017
“O orçamento para ciência, tecnologia e educação que está delineado para o ano que vem é dramático. Agora, mais do que nunca, temos que nos mobilizar”, declarou o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira.
Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, São Luís (MA) e Porto Alegre (RS) realizaram no sábado, 2 de setembro, a 2ª Marcha Pela Ciência no Brasil. O evento, organizado pela Campanha Conhecimento Sem Cortes para acontecer inicialmente na capital carioca e depois ganhou adesão de mais cidades, teve como objetivo alertar a população sobre a gravidade dos cortes orçamentários que vêm impossibilitando o desenvolvimento de pesquisas vitais para o desenvolvimento do País e poderão comprometer a formação dos futuros cientistas.
O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas encaminhou ofício ao presidente Michel Temer, aos ministros Gilberto Kassab (da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações); Henrique Meirelles (da Fazenda); e Dyogo Oliveira (do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão): “Sem pesquisas cientificas, será impossível criar riquezas”
Leia o documento na integra.
É com grande pesar que comunicamos o falecimento da professora Leila Maria da Silva Blass, no dia 25 de julho último.
Professora titular do Departamento de Sociologia e do Programa de Estudos Pós-graduados em Ciências Sociais da PUC-SP, Leila participou da diretoria da SBS de 1994 a 1997, durante duas gestões, e trabalhou com entusiasmo pelo crescimento e consolidação da associação, promovendo a SBS em âmbito nacional e internacional.
Ao longo de sua trajetória de docente e pesquisadora dedicou-se à formação de estudantes na graduação e pós-graduação, orientou teses e dissertações e produziu relevante obra para a área de estudos do trabalho.
Graduada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1971), concluiu o mestrado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (1982) e o doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1990). Livre-docente pela Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1999, realizou estágios de Pós- Doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia na Universidade de Coimbra (CES/FE/UC) e no Centre National des Recherches Socialles (GEDISST/ CNRS), Paris, França, em 1998; e no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Portugal, em 2003-2004.
Escreveu livros e artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais sobre movimentos grevistas; processo de trabalho em bancos; produção artística dos desfiles de carnaval nas grandes escolas de samba de São Paulo; trabalho e fazeres artísticos; trabalho e emprego; práticas de trabalho imaterial e construção de saberes. Líder do Núcleo de Estudos "Trabalho, trabalhadores e trabalhadoras" (NETTT) vinha desenvolvendo, nos últimos anos, estudos na área da Sociologia da Vida Cotidiana e seus desafios teórico-metodológicos onde se incluem as questões relativas aos diversos modos de envelhecer.
Leila deixa uma importante obra e boas lembranças para os que com ela conviveram. Deixa, também, uma grande lacuna nos estudos inovadores que vinha realizando sobre trabalho, gênero e construção de saberes.
A Biblioteca Virtual do Pensamento Social - BVPS anunciou, recentemente, duas grandes novidades. Agora a BVPS conta com dozes novas bionetes, incluindo intérpretes latino-americanos, e com um blog destinado à divulgação e debate aberto para a participação da comunidade.
A BVPS é uma iniciativa de cooperação entre pesquisadores e instituições acadêmicas com o objetivo de fortalecer e divulgar esta área de pesquisa. A partir da BVPS, procura-se cartografar, organizar e disponibilizar a produção intelectual sobre o pensamento social, isto é, as pesquisas dedicadas ao estudo das interpretações do Brasil em suas diferentes linguagens – intelectual, científica, artística -, e através de diferentes disciplinas – ciências sociais, história, literatura e artes -, envolvendo ainda comparações com outras sociedades.
Para saber mais, consulte o site: http://bvps.fiocruz.br/a-biblioteca/
Fórum Nacional de Ensino e Pesquisa em Arquivologia
A situação gerencial do Arquivo Nacional
Desde janeiro de 2016, o Arquivo Nacional passou por três gestões, entre um diretor nomeado e exonerado duas vezes e um interino. Nenhum desses gestores apresentavam os requisitos básicos, em termos de conhecimento e experiência em Arquivologia, para exercerem um cargo de tamanha responsabilidade.
Essa instabilidade gerencial, por si só, sinaliza a fragilidade institucional de uma instituição fundamental para o Brasil.
DENÚNCIA!
Ameaçado o novo sistema de avaliação da ética em pesquisa nas ciências humanas, sociais e sociais aplicadas.
A aprovação da Resolução 510, de 07/04/2016, deveria ter sido o primeiro passo para a reestruturação do Sistema CEP/Conep de modo a atender às especificidades das pesquisas em ciências humanas, sociais e sociais aplicadas (CHSSA), tendo sido elaborada com a participação ativa dos representantes das associações dessas áreas no GT de CHS da Conep, constituído para esse fim.
A ANPOCS divulga o lançamento do novo número da Revista ILUMINURAS, organizado por Ana Elisa Freitas e diagramado por Camila Aveline.
Revista do BIEV PPGAS IFCH UFRGS.
Revista Iluminuras - Publicação Eletrônica do Banco de Imagens e Efeitos Visuais - NUPECS/LAS/PPGAS/IFCH/UFRGS
E-ISSN 1984-1191
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) encaminhou, no dia 22 de março, ao Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação, à Secretária Executiva do Ministério da Educação, ao Secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, bem como aos Secretários de Educação dos Estados e do Distrito Federal, nota pública solicitando que sejam oferecidos aos jovens do ensino médio os diversos itinerários educativos que incluem as diferentes disciplinas, garantindo que todos os componentes curriculares sejam ofertados, com base no que garante a Constituição brasileira.
Os abaixo assinados, professores, pesquisadores, estudantes e demais profissionais que atuam em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), dirigimo-nos a V. Ex.ª. para que reverta a recente e preocupante modificação no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A alteração realizada pelo Congresso Nacional na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA) 2017, transfere parte importante dos recursos de CT&I – cerca de R$ 1,7 bilhão, originalmente alocados na Fonte 100 (recursos cobertos pelo Tesouro Nacional), para a Fonte 900 (Recursos Condicionados), cuja origem e existência são incertas.
O CEPPAC, no marco dos seus 30 anos de existência, informa à comunidade acadêmica a sua transformação em Departamento de Estudos Latino-americanos (ELA), o primeiro do Brasil. O ELA continuará sendo parte do Instituto de Ciências Sociais da UnB, mantendo a sua tradição de estudos comparativos e interdisciplinares sobre a região. A criação do ELA expressa o reconhecimento de um trabalho contínuo de aprimoramento e de produção de conhecimento sobre a América Latina, desenvolvidos pelo CEPPAC, assim como de seu crescimento e de sua internacionalização nos últimos anos. O ELA espera poder continuar a contribuir para a maior valorização e divulgação dos Estudos Latino-Americanos no Brasil.
Em solidariedade aos profissionais da UERJ, a ANPOCS subscreve e compartilha a carta em defesa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Nota conjunta ANPOCS, ABA, ABCP, SBS e SBHC
Manifestamos, por meio desta nota, preocupação quanto às notícias veiculadas na imprensa nacional dando conta de uma eventual não nomeação por parte das autoridades da República do nome da Dra. Nísia Trindade Lima para a presidência da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ - pelos próximos 4 anos. A preocupação se justifica pelo fato de ter sido o nome de Nísia o mais sufragado (por significativa diferença de votos, da ordem de 20 pontos percentuais) em processo eleitoral caracterizado por ampla participação e debate, processo, portanto, dotado de forte legitimidade. Sem dúvida, por esta via, a FIOCRUZ teria alcançado o consenso mínimo necessário para a gestão que terá início em janeiro de 2017. A eventual nomeação da segunda colocada, neste sentido, teria como implicação inicial atingir frontalmente as condições de governabilidade interna da Fundação, com todas as consequências advindas de um cenário de conflito e instabilidade.
As Ciências Sociais brasileiras perderam na madrugado do dia 27 de dezembro a antropóloga Mariza Corrêa. Mariza foi professora do Departamento de Antropologia da Unicamp durante 30 anos e foi a primeira mulher a dirigir o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da mesma Universidade. Também presidiu a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) entre os anos de 1996 e 1998 e deixa um importante legado à Antropologia que se faz no Brasil. Atuou principalmente na área de estudos de gênero e corporalidade e da história da Antropologia, foi fundadora e pesquisadora do PAGU/ Núcleo de Estudos de Gênero, referência no Brasil e no exterior. De sua obra, destacam-se: Antropólogas e Antropologia, Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2003; As Ilusões da Liberdade: A Escola Nina Rodrigues e a Antropologia no Brasil, Bragança Paulista: Editora da Universidade São Francisco, 2000; O Espartilho de Minha Avó: Linhagens Femininas na Antropologia - "Horizontes Antropológicos", Porto Alegre, 1997; Os Crimes da Paixão, São Paulo: Brasiliense, 1981; Morte em família: representações jurídicas de papéis sexuais, Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983. A professora Mariza Corrêa deixa um legado extenso e importante que continuará a inspirar muitas gerações de cientistas sociais.
A Diretoria Executiva da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) vem a público expressar seu repúdio ao tratamento policial de manifestações políticas. É intolerável a imensa a lista de casos de violação das liberdades de expressão, de reunião, de organização, de manifestação e de pensamento, bem como do direito à privacidade e à preservação das integridades física e psíquica.
Em defesa dos Povos Indígenas e de Seus Direitos
Os pesquisadores signatários dessa nota, reunidos em Marchas pela Ciência ao longo do Brasil nesse dia22 de abril de 2017, vêm manifestar sua preocupação e seu repúdio diante dos encaminhamentos dados pelo presente governo, particularmente através das ações do Sr. Ministro da Justiça Osmar Serraglio, à política indigenista brasileira, em especial através das suas ações no tocante à Fundação Nacional do Índio (Funai).
Em meio à crise institucional e econômica, o 40º Encontro Anual da ANPOCS promove reflexões sobre democracia, sistema político, campanhas eleitorais, segurança pública, o papel da religião nas sociedades atuais, dentre outros temas.
A edição deste ano também comemora os 40 anos da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS); uma programação especial fará a retrospectiva histórica da entidade e de sua importância para o campo das Ciências Sociais.
A Diretoria Executiva e o Comitê Acadêmico da ANPOCS vêm a público expressar a sua indignação e o seu veemente repúdio à decisão da CPI da FUNAI e do INCRA da Câmara dos Deputados, de quebrar os sigilos bancário e fiscal da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), de seu presidente, bem como de entidades de defesa dos direitos de indígenas e quilombolas.
A pedido de Programas de Pós-Graduação em Antropologia filiados, a Anpocs divulga nota de repúdio contra a nomeação do general Roberto Peternelli, defensor da ditadura civil-militar de 1964, à presidência da FUNAI.
O Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio) foi aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) neste mês de junho. O objetivo do curso é propiciar um espaço de formação continuada para professores de Sociologia que atuam na Educação Básica, e também às pessoas que desejam atuar nesta área.O início do ProfSocio está previsto para o primeiro semestre de 2017. Serão ofertadas inicialmente 175 vagas distribuídas entre as nove instituições associadas à rede. O processo seletivo nacional ocorrerá no segundo semestre de 2016. Poderão concorrer às vagas professores da rede pública da Educação Básica que ministram aulas de Sociologia e portadores de diploma de licenciatura reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC).
ANPOCS lançará em breve a sistema para reunir e possibilitar a consulta, em um único portal, dos periódicos das três grandes áreas das ciências sociais e áreas correlatas. Como parte de sua missão voltada à valorização e divulgação da produção científica, a Diretoria de Publicações da Anpocs assumiu e levou adiante o compromisso de criar uma plataforma online capaz de ampliar a visibilidade dos periódicos brasileiros dessas áreas. Aventada em mais de uma ocasião no fórum de periódicos realizado regularmente nos encontros anuais da Anpocs, a iniciativa foi avaliada cuidadosamente e abraçada pela diretoria da Associação.
A Diretoria Executiva e o Comitê Acadêmico da ANPOCS vêm a público manifestar sua preocupação com a atual situação vivida por nosso país. As mudanças implementadas pelo governo interino representam um claro retrocesso nos campos da educação, da ciência, da arte, da cultura e dos direitos sociais, abolindo conquistas alcançadas a duras penas nas últimas décadas. A extinção de ministérios e de outros órgãos estratégicos à formulação de políticas essenciais para o desenvolvimento social, como é o caso do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), ameaçam a continuidade das políticas em áreas fundamentais e esfacelam uma agenda de compromissos socioambientais, de direitos de populações tradicionais e indígenas, bem como da agricultura familiar.
Na última quarta-feira, 25, cientistas se reuniram com o ministro Gilberto Kassab no escritório da Presidência da República, em São Paulo (SP), oportunidade em que foi destacada a necessidade de recuperar e manter as fontes de fomento para pesquisa, desenvolvimento e inovação. Participou da reunião a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena B. Nader, que na véspera, 24 de maio, reforçou as críticas à fusão do MCTI com o Ministério das Comunicações, na audiência pública realizada pela Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado Federal. No evento, por unanimidade, senadores se manifestaram contra a medida e a chamaram de “absurda” e “insana”. (Leia mais – No Senado, cientistas reforçam repúdio à fusão do Ministério de CT&I)
A diretoria executiva da ANPOCS vem a público informar sobre a situação das finanças da Associação e sobre as perspectivas relativas ao próximo Encontro Anual, que será o quadragésimo de nossa história.
Como é de conhecimento amplo, o país passa por uma situação econômica e política bastante delicada. O declínio do nível de atividade econômica e as políticas de ajuste orçamentário nos três níveis de governo têm impactado de maneira significativa as fontes de financiamento usuais para a pesquisa científica e para a realização de eventos, por consequência, para a realização de congressos como o nosso. Em decorrência disso, já constatamos que contaremos com um montante de recursos bem inferior àquele com do qual dispusemos nos últimos anos. A situação é bastante crítica.
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